quarta-feira, 27 de maio de 2015

A INVENÇÃO DO MONOTEÍSMO III

Recentemente, a título de distrair os olhares das embolações lendárias de milênios, criaram um festival nacional arqueológico em Israel, com desdobramentos de paralelos imaginários, para reforçar o que já nasceu fraco...

Segundo Shlomo Sand, “Na época da suposta saída do Egito, Canaã estava sob o controle dos faraós, ainda todo-poderosos. Moisés teria, então, conduzido os escravos libertos do Egito ao... Egito! Se nos basearmos na Bíblia, ele teria guiado no deserto 600 mil combatentes, que devem ter viajado com mulher e filhos, dando no total quase três milhões de pessoas! Além de ser impossível que uma população dessa grandeza pudesse deixar seu local de residência e errar no deserto durante tanto tempo, tal acontecimento deveria ter deixado alguns rastros epigráficos ou arqueológicos. No reino do Egito era costume mencionar cada fato com grande precisão. A prova é que possuímos inúmeros documentos sobre a vida política e militar do Egito. Conhecemos inclusive a incursão de grupos de pastores nômades nas terras do reino. O problema é que não se encontrou nenhuma referência ou alusão a ‘filhos de Israel’ que pudessem ter vivido ali, revoltando-se ou saindo de lá em alguma época. A cidade de Pitom, citada na Bíblia, surge em uma fonte externa precoce, mas ela só se torna uma localidade importante no final do século VII a.C. Até hoje, não se encontraram no deserto do Sinai vestígios como testemunho da passagem de qualquer população grande no período suposto. Etzion Geber e Arad, evocados no relato da expedição nômade não existiam naquele período e só surgiram como localidades permanentes e florescentes muito mais tarde... Curioso é que até a famosa conquista de Canaã é um dos mitos totalmente refutados pela nova arqueologia”!

Ainda diz Shlomo Sand, o professor judeu da Universidade de Tel-aviv, sobre o Templo de Salomão: “O desenvolvimento da tecnologia de datação pelo carbono 14 confirmou a dolorosa conclusão: a colossal construção da região norte não foi edificada por Salomão, mas no período do reino do Norte de Israel. De fato, não existe nenhum vestígio da existência desse rei lendário, cuja riqueza a Bíblia descreve em termos que quase se igualam aos poderosos reis da Babilônia ou da Pérsia”.

É sempre assim: o homem finge acreditar nas historias religiosas para não ser abalado nas suas ilusões últimas, pois é necessária a sensação de ser feliz. Com o instinto de rebanho, no domingo muitos vão à praia, mesmo junto daqueles que criticam. Às vezes, entram em luta corporal. O vizinho que estava na barraca ao lado olha para a mulher do outro e pronto!... Vamos até o shopping, andamos como primatas e, às vezes, criamos problemas com qualquer pessoa – não importa quem. Sempre seguimos outros mamíferos como nós. Vamos ao clube como vício. Vamos à igreja e procuramos um pastor, ou um padre, pois precisamos ser liderados. Temos necessidade de falar com alguém invisível e achar que somos ouvidos... Temos instinto de veneração. Incompletos é o que somos. Insatisfeitos. Resignados nefelibatas, pois deslizamos em sonhos transcendentais... O fato é que a nossa origem, lá pelos australophitecus, não combinou com a evolução do cérebro e, desta feita, não deu certo. Ficamos inviáveis.

Muito bem, de volta aos judeus: alegações excepcionais exigem provas excepcionais. Que haja, então, a inversão do ônus da prova: são os judaenses que têm que provar, e não nós, que eles são o “povo-nação” eleita. Essa hipotética, ou melhor, mitológica aliança entre Deus e Abrahão – busca biológica desesperada por uma raça judaica –, o “gene-judeo”. A loucura de admitirem, em última instância que, mesmo não existindo uma raça pura, poderia haver uma entidade biológica compacta para manter as aparências...

Jacob Zess declarou que “temos mais do que outros povos, necessidade de higiene da raça”. Essas declarações, que abrangem vários campos da ciência, sustentam um racismo pseudocientífico, chegam às afirmações de uma raça antiga e impenetrável que teria uma origem única. Um dos caminhos adotados pelos antigos hebreus foi, desde o início, o casamento endogâmico, execração dos casamentos mistos, que nada mais é do que uma nódoa que protege o povo judaense. Por trás dos bastidores, no oculto da sociedade aberta, aqueles que “quebram a Lei” são deixados para trás, pois a teoria judaica do sangue é o que pode dar manutenção a essa própria lei, a ração balanceada do mito da raça judaica, essa identidade etnobiológica fictícia e astuta por excelência!

Existe uma ideia sionista hoje, mais forte do que nunca, de um povo-raça judeu, aramada por uma pseudogenética judaica, através de trabalhos publicados nas mais conhecidas revistas científicas, mas de reputação duvidosa. Por isso é que bato e rebato: já começa o desgaste étnico final. Nada há mais para sustentar nesse campo da biologia, pois lá, bem por trás de tudo, eles vão puxar a Torah do bolso, na tentativa de confirmar uma raça oriunda da mistura mesopotâmica, que recebeu a sagração no Sinai... No final desse tremendo esforço probatório de raça-pura judaense, não se pode classificar um judeu através de critérios biológicos, quaisquer que sejam eles. Isso nasceu de um folclore religioso, que começou com Abrahão no deserto e não parou mais.

O casamento intracomunitário pretende sustentar o purismo racial e foi algo que também fracassou. Os evangélicos, que são copistas astutos de muitos conceitos judaicos, tentaram também esse pastiche e ainda ficou mais ridículo do que com os antigos judaenses. Ameaçam seus fiéis até hoje com o perigo do “jugo desigual”, dos casamentos mistos. Os evangélicos copiaram, mas faltou a criatividade judaica. Os protestantes, em parte, são de natureza intelectual acanhada, de pobreza criativa sem limites e surgiram mais de dois mil anos depois dos judeus. Mas souberam plagiar deles um monte de baboseiras doutrinárias...

Como resultado das lutas travadas pela tenacidade judaense, muitos judeus se fixaram em países como a Holanda, Polônia, França, Alemanha e Inglaterra. Israelitas com dupla nacionalidade, muitas vezes têm enaltecido os países de nascimento, com a mesma intensidade da sua “nacionalidade” judaica, porque a política identitária de Israel tem imposto essa ideologia. É uma cultura de elaboração do “povo-mundo”, que parece ser admitida com indiferença pelos outros povos.

Um imaginário “étnico-racial-intocável”, porque é sagrado e pronto. É como o papa, a massa não discute sua autoridade de representante de Deus... Mas ninguém contesta nada. Então que se questionem essas “verdades” assentadas! Como a nação que foi errante desde o começo, execrada e, vale dizer, completamente imaginada. Sustentada por um livro! Um imaginário histórico alimentado no coração dos judeus, onde o exílio, que jamais existiu da maneira contada (todas as diásporas foram forjadas), por isso, nunca houve provas substanciais para a tese do exílio. A ideia do exílio serviu como perfeito elemento de chantagem emocional, apoiada na antiguidade das suas fontes etnofictícias. Era vital no coração, por força de lavagem cerebral, pertencer à “semente de Abrahão, Isaac e Jacob”. Sem certeza cega, não há judaísmo que seja mantido somente através da armadura “étnica” e racial.

O “mito-história” não pode ser posto em dúvida, senão o edifício desmorona, pela inquestionável sacralidade que virou fóssil com o tempo – cristalizou-se. Ou então você não é filho de Israel e, tampouco, pertence ao time seleto de Yahweh, pois, para isso, foi inventada a categoria de Israel como um povo-sagrado eleito.  Pensemos com lógica: de um bando de boçais, analfabetos, tarados sexuais, pedófilos, ladrões da antiguidade, nasceram historinhas que viraram tradição, ficaram sagradas e registradas num livro.

Essa história idiota de criar um conceito de “nação” baseado no pertencimento a qualquer tipo de coletividade faria dos católicos uma nação e dos colecionadores de selos também... Ora, um ethnos biológico não pode ser estabelecido apenas com a remoção do prepúcio de um bebê.


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