A INVENÇÃO DO MONOTEÍSMO II
Dizem certos teólogos[1] biblistas que o patriarca
dos judeus, Abrahão, teria existido em torno de 1800 a.C. e que seu herói
Moisés, teria libertado aquela turba de escravos do Egito por volta de 1250
a.C., tudo engendrado na aleatoriedade antiga pelos interessados em inventar
uma história de judeus. Só que esses contos não contêm nenhuma base histórica
documentada na Antiguidade, a não ser no texto da própria Torah e, diga-se de passagem,
começou a ser compilado no reinado do insignificante rei Josias, início do
século VII a.C.! Aliás, abram-se de novo as bocas e pasmem: o Gênesis só foi escrito
nessa época! E por quê? Simplesmente, porque os hebreus antigos não sabiam que
tipo de enganação poderia ser aplicado naquele povo ignorante. Então, sobre o tema
do primeiro homem surgido aqui na Terra, com as suas concupiscências, implantaram
o terror pecaminoso teocrático, justificado pela elaboração de uma poderosa cartilha
de conduta social. Por fim, inventaram uma historinha bem colorida para aqueles
hebreus de pouca massa encefálica. Para a época, até que foi brilhante. Aliás,
foi mesmo nesse século VII a.C. que a Bíblia começou a ser escrita efetivamente.
Antes, eram somente tradições orais – telefone sem fio, coisa e tal...
Aqui neste livro não há
antissemitismo, aliás, não estou nem um pouco preocupado com o judaísmo fora do
contexto do constructo dogmático que
este livro aborda. Acho a Torah admissível como um relato histórico convencionado, mas deplorável como
proposta de perpetuação de uma teocracia inteiramente mofada por tantos séculos.
Tristemente bolorenta.
Os mais expressivos
biblistas da atualidade confirmam isso: Israel Finkelstein, Ze’ev Herzog, Navad
Na’aman, todos luminares da Escola de Tel-aviv. Judeus que resolveram abrir a
boca, contar a verdade ao mundo, pois não dá mais para engolir as baboseiras teológicas
e tradições proto-históricas do jeovismo.
Segundo o próprio mestre
Israel Filkenstein, na sua obra prima A Bíblia
desvelada, o rei Josias de Judá, pretendendo unir os reinos do Norte e do
Sul, deu o golpe político e inventou a Torah. Acreditou que com isso daria
origem a uma “nação”, mesmo sem saber o que significava o etymon da palavra, que só viria a existir muito depois. Mas do
resultado político ele conhecia muito bem: o que importava era unir gente em
torno de alguma coisa. Então, os parvos moradores de Judá e os refugiados de
Israel adotaram como moda a troca de cópias da Torah, cheias de historinhas do
“arco da velha” que funcionam até hoje... Constantino, séculos mais tarde, vendo
a divisão do Império Romano com o seu esfacelamento, porventura não encaminhou
as coisas para que o cristianismo deixasse de ser perseguido e se tornasse a
religião oficial do Estado? Ele estabilizou o império.
O mundo está num
processo muito rápido de descobrimento das verdades
camufladas pela religião ao longo da história, que antes não preocupavam o ser
humano. Hoje, ninguém aceita mais o embuste fácil. O enredamento teológico, que
dava sustentação ao poder, perdeu as roupas íntimas – ficou nu e desmascarado.
A cada dia, as pecinhas do engodo religioso são desmontadas pelas vias da razão
pura.
Numa reação inútil, as
religiões embarcam num mega esforço desesperado para oferecer novidades ao povo.
Um self-service de iguarias
espirituais, ficando cada vez mais desacreditadas, ridículas e sob a falsa
alegação de que a fé não precisa de compreensão... Inventam todo tipo de
movimento com disfarces fúteis para atrair os jovens, impedindo-os de pensar e,
ao mesmo tempo, ao subjugar os velhos, usam a conhecida covardia emotiva.
Espero honestamente que
meus leitores percebam o quanto fomos manipulados pela fide e que as Escrituras não passam de meros barbantes de marionetes.
Meus caros leitores, eu mesmo, que já acreditei mais nas palavras da Bíblia do
que nas minhas próprias, como um autêntico fundamentalista, hoje tenho a
absoluta certeza de que esses barbantes, que faziam de mim um títere da Igreja,
esgarçaram-se bem depressa em meu favor.
Pior do que a torre de
Babel: os tijolos de uma obra gigantesca de séculos deterioram-se rapidamente
no presente século. Essa obra é o imenso edifício da fé judaico-cristã, através
do Livro, que passou a ser visto por todos como questionável repentinamente. Os
teólogos e sacerdotes do mundo inteiro sofrem hoje de cólicas atrozes,
empalidecidos, com o pavor de que o edifício desmorone por completo,
trazendo-lhes o desemprego em massa... O que seria da religião do livro sem o
Livro, e do sacerdote sem dinheiro?
Segundo Louis Frédéric[2], no que concerne à
Palestina, os testemunhos mais antigos até hoje encontrados de uma indústria
humana, pertencem ao Paleolítico inferior e, portanto, situam-se entre 250 mil
e 50 mil anos. Os mais antigos vestígios humanos, encontrados nas grutas do
Monte Carmelo estão em torno de 140 mil anos. Isso é o que prova a ciência: uma
“pequena” diferença na datação bíblica dos sete mil anos e da criação de
Adão...
Aqueles pequenos reis de
Israel adotaram um critério diferente para a consubstanciação de um povo eleito
por Deus, que foi a ideia de institucionalizar a fé, permeando as suas
monarquias. O sacerdote era a mola mestra desse sistema para construir o que é
hoje um passado fictício. Todo israelense tem absoluta certeza, como uma ideia
fixa inoculada no cerebelo, de que o seu povo foi eleito por Deus desde o
momento da criação das leis no Sinai e assume convicto que é descendente direto
daqueles nômades do deserto, separados por Deus para herdarem a Terra
Prometida. Se voltarmos ao tema dos desvios cognitivos, teremos em mente que a
crença só se processa de uma forma: um mergulho profundo numa ideia obstinada.
Isto se chama fé.
Shlomo Sand[3], judeu que não se cala,
disse que “Em Israel, esse amontoado de memória não se constituiu
espontaneamente. Foi acumulado, estrato por estrato, a partir da segunda metade
do século dezenove, por talentosos reconstrutores do passado que juntaram
pedaços de memória religiosa judaica e cristã, na base dos quais sua imaginação
fértil inventou um encadeamento genealógico contínuo para o povo judeu”.
Em contraposto às
bobagens religiosas de antanho, surgem grandes mestres do pensamento a cada dia,
impondo sua visão mais e mais audaciosa, para desmitificar o conceito de nação
escolhida. Dignas de menção são obras como Estado
judeu ou nação israelita?, de Boaz Evron; A
historiografia sionista e a invenção da nação judaico-moderna, do
professor Uri Ram e A invenção do povo
judeu, de Shlomo Sand, a maior autoridade no mundo atual sobre as manobras
religiosas e políticas da origem do povo judeu.
Esses novos filósofos judeus muito têm
abalado as colunas fincadas desde os tempos em que a Torah, o Velho Testamento,
foi inventado. E quanto aos velhos heróis? Será que realmente existiram? Se a resposta
for sim, quando e onde? A Bíblia só fala deles de uma forma heteróclita,
confusa e pouco crível à luz da historiografia dos outros povos. Um personagem,
Abrahão, teria vivido 1800 anos antes de Cristo e outro, 1250 anos antes do
mesmo Cristo. Quem estabeleceu isso? Os hábeis construtores das Escrituras,
certamente.
Não há nenhum documento sobre esses
personagens hebreus nos anais egípcios conhecidos. Tampouco, há relatos sobre
as pragas supostamente mandadas por Yahweh, registrados na história de outros
povos. Coisas como a água do rio Nilo ter sido transformada em sangue... Pragas
de mosquitos, rãs, rebanhos mortos, moscas, granizo, peste, invasão de
gafanhotos, escuridão do céu e morte dos primogênitos... Como acatar tais fatos
registrados pelos hebreus primitivos do deserto, nitidamente com segundas
intenções? Intenções de formatar um “povo eleito” por Deus. Semelhantes em tudo
aos outros povos, mas que cometiam os mesmos erros, com os mesmos vícios da
natureza humana daqueles que eram considerados ímpios. Há lógica nisso?
No século vinte, surgem superproduções
fílmicas, com mais de seiscentas mil famílias destrambelhadas, fugindo da
perseguição do faraó pelo deserto... Mas a população egípcia da época, estimada
pelos arqueólogos, estaria na casa dos três milhões de habitantes. Às margens
do Mar Vermelho, que na realidade era o canal de Suez, as águas levam uma
cajadada miraculosa e todo o pessoal atravessa pelo fundo do mar na maior
tranquilidade. Só que com montanhas de corais, rochedos, areia atolante;
enquanto as pesadas bigas egípcias e centenas de soldados bem armados
representaram um papel ridículo de estratégia militar, morrendo afogados. Tal fato deve ter encantado os participantes da
expedição hebreia da época e, com certeza, aos bem posteriores cinéfilos, expectadores
dos Dez mandamentos de Cecil B.
DeMille, em 1956... Quando assisti ao filme ainda criança, confesso que fiquei
impressionado com o “poder de Deus” e a teimosia de Yull Brynner, o Ramsés II.
Thomas Paine[4]
foi terrivelmente perseguido pelos jacobinos franceses, simplesmente, porque
sustentou a verdade sobre o fato de que Moisés jamais escrevera o Pentateuco.
Para piorar, disse que foi escrito séculos depois, por vários embusteiros
idiotas e mal-intencionados. Assim como hoje, outros falsários escrevem
histórias que, supostamente, aconteceram num passado distante e continuam a
alimentar fantasias para os tolos.
O Gênesis, livro da lenda da criação, só
foi acrescentado aos livros históricos do Pentateuco muito mais tarde e foi o
último a ser juntado à Torah. Durante séculos, os hebreus cobravam aos líderes
religiosos explicações sobre a criação do mundo e do homem. Ora, não tiveram
mais como enganar o povaréu. O início do mundo e da vida parecia tão distante
para eles, que seria inviável continuar a manter a embromação das tradições
orais através de gerações. Então, os inventores de fábulas, mais velhacos nessa
arte, apoiaram-se em tradições impossíveis de constatação, que já estavam
sedimentadas na mente do hebreu primitivo.
Aqueles líderes dolosos da época agiam
exatamente como os de hoje: usando o duplo sentido das coisas e a introjeção do
medo, com o consequente retorno da culpa, tão necessária à submissão ao “livro
sagrado”. Os hebreus antigos conheciam a estratégia de aplicação dos desvios
cognitivos para plantar crenças fortes que impressionaram o próprio Freud, em
pleno século vinte...
As peregrinações de Abrahão e da sua
família são fábulas engendradas com imagens fortíssimas para a imaginação, haja
vista o quase assassinato de Isaac com o cutelo do pai e isso determinado por um ser benevolente...
Mesmo que isso não fosse lenda, poderia um deus destruir o íntimo e toda a
estabilidade emocional de um pai, preparando-o para matar seu filho? Nos dias
que correm, Abrahão seria intimado pela Justiça e julgado por desestabilizar a psiqué de uma criança. Talvez condenado
a voltar para o deserto.
Os redatores da Bíblia fizeram de Abrahão
um herói e grande chefe militar. Sem heróis nada se faz e, sem mitos, muito
menos. Assim, também foi com Moisés e outros mitos da Bíblia, até chegar aos heróis
de hoje. Enquanto não corrigirmos nossos desvios cognitivos e reaprendermos a
pensar, só existirão ilusões.
Descobriu-se uma pedra de toque no passado:
a cultura de fé intocável, por convenção rabínica oculta. Surgiu uma arquitetura
de esperteza para construir um povo-raça-estrangeiro,
que descambou no absurdo do “gene judaico”. Ora, etnia é definida por um grupo
de indivíduos com língua, religião e maneira de agir comuns, idiossincrásicos
por semelhança. Raça já classifica os grupos humanos pelos seus traços físicos
hereditários, onde implica a questão sanguínea. Como comprovar isso na
Antiguidade?
Os antigos hebreus tiveram um devaneio
identitário, misturado ao ethnos
nacionalista, provenientes das lendas deterministas criadas sobre o deus do
monoteísmo, ou melhor, do deus
nacionalista do Sinai, quando sequer existia a ideia de nação... Aliás, os
próprios judeus modernos têm variegado o conceito mais purista de nação,
travestindo-o de citações obscuras e desviantes contidas na Torah. Empregam a própria palavra Am (povo) com um cunho religioso
exacerbado, ao referenciar tal vocábulo como unidade indivisível e com respaldo
ideológico. Qual o povo sobre a terra que possui uma unidade indivisível? A
verdade é que vemos o judaísmo de jeito tendencioso, com vistas à perpetuação de
um nacionalismo fideísta, embasado numa ideia de “raça eleita”.
A maior ameaça recente aos judeus não foi
Hitler, com o seu objetivo de arrasar o Estado judeu no seu projeto filosófico
e conceitual, que abriga as falsas características judaico-biológicas
específicas. A maior, única e letal ameaça hoje é o desgaste da ideia do deus
monoteísta, vinculado a um livro desacreditado. Esse Livro tende a ser
desconstruído com rapidez através do método histórico-crítico daqui para
frente. A desconstrução final ocorrerá quando o senso comum compreender o
processo de visão crítico-metodológico, que pode derrubar o mito de séculos.
O sentido de “povo”, pelo que entendo, são
grupos humanos que permanecem dentro de fronteiras identitárias, mesmo variadas
e imprecisas, até, mais tarde, chegarem a linhas demarcatórias mais definidas
entre os grandes grupos linguísticos. Mas o fio condutor judaizante não se
restringe à definição acima – o Livro teve o seu papel, reforçando um fim
religioso. Não no sentido imposto por influências judaizantes seculares, mas a concentração
da fé na Torah, institucionalizada, para blindar o Estado judeu. Uma forma de
metaidentidade, sustentada pelo tempo de existência de uma fé incutida sobre
múltiplas gerações. Um ethnos
alimentado por uma ambiguidade de fé-má-fé, forjada com fins políticos.
Para Anthony Smith, “Um grupo étnico se
distingue por quatro pontos característicos: o sentimento de uma origem comum
ao grupo; a consciência de uma história única com a crença em um destino comum;
a presença de um ou de vários traços culturais coletivos – específicos e, enfim,
o sentimento de uma solidariedade coletiva única”.
Além da presunção de etnorreligiosidade,
considera-se certa pretensão etnobiológica dos judeus. Porque, na verdade,
“povo” é um grupo humano que vive num determinado espaço geográfico, ao deter
características que ressaltam normas e práticas culturais comuns. Essas normas
definem-se pela linguagem, indumentária, práticas habitacionais, de lazer e de
alimentação, correlacionadas.
Religiões de per si não constituem nações, porque nenhuma religião possui um
território comum cujos membros sentem e decidem que são os possuidores
exclusivos daquele território. Isso não acontece dessa maneira.
O nascimento de uma nação é um autêntico
processo histórico, sem que seja um fenômeno espontâneo. Mas, com toda certeza,
um livro de fábulas santificadas não
tem meios para definir uma metaconsciência, através de um conjunto de normas religiosas,
que tentam concretizar uma ideologia unificadora como doutrina nacional. A
consciência nacional é que dá origem à nação e não o oposto, porém jamais
baseada num livro ausente de historicidade e destinado a formar mitos em torno
do governo. Nesse caso, não seria apenas um governo teocrático, mas (o que
ocorreu) uma nação-jeovista altamente questionável.
A construção da nação moderna é
concomitante à consolidação do pensamento nacional e nisso concorrem múltiplos
elementos culturais. Jamais um livro heteróclito de fábulas e absurdidades
morais pode impor dogmas. Livro tem que ser discutido!
As democracias amadurecidas foram as que se
libertaram totalmente dos mitos etnocêntricos antigos. Somente as tendências
judaizantes ainda hoje flutuam nessa pequena boia salva-vidas, com a contumácia
de postergar “uma identidade ancestral de continuidade genealógica”, impondo ao
mundo um fundamento biológico e uma concepção equívoca de “povo-raça” eleito. Um
deus é inventado com as características dos sentimentos humanos, pois não
tiveram a capacidade de des-corporificá-lo.
Por fim, um povo é inventado para, despudoradamente, afirmar-se eleito por um
fantasma do deserto do Sinai.
A grande força na construção da ideia de
“povo-raça” eleito, deu-se pela árdua elaboração textual de uma genealogia
gigantesca, ao se recuar o máximo possível no tempo para que o nacionalismo
ficasse mais robustecido com a história dos heróis antigos. Eles apostaram que a
mitologia, junto dos seus heróis, é que forma os elementos necessários para a
ativação do sentimento nacionalista, calcado nos mistérios, mormente advindos
do cume do Monte Sinai. Porque, simplesmente, teria nascido naquele lugar o
conceito de povo separado para marchar como nação.
Ficou claro, há séculos, que o povo judeu
teme e treme diante da ameaça, para eles assustadora, que paira sobre a Torah:
o descrédito gradual do povo. Quando as luzes do século dezenove se apagavam,
Simon Doubnov, pesquisador judeu, declarou com tom de desespero: “Se nós
queremos preservar o judaísmo como nação cultural e histórica, não devemos nos
esquecer de que a religião judaica é um dos fundamentos mais importantes de
nossa cultura nacional e que eliminá-la significaria abalar dessa forma esse
fundamento da nossa existência”.
Doubnov, como todo judeu, insiste na
“cultura da nação” laica, no “povo-mundo”, “povo-raça” eleito... Mas nenhuma
nação pode abrigar um duplo nacionalismo, a menos que seja pela via do
artifício religioso. Artifício inclusive que ele aplicou ao Gênesis, propondo
ressaltar do seu conteúdo alguns aspectos próximos da realidade e que o mais
ficasse apenas como metáfora... Esperto, não? Escamotear a história para
embasar a “nação eleita” com metáforas que pudessem engrossar o nacionalismo
para erigir colunas políticas. Metáforas milenares, simbolismos. Bem, foi uma
tentativa mais atual. Ele pretendia colocar um véu sobre os relatos imaginários
para concentrar a atenção no “núcleo histórico” da Torah, embora paupérrimo.
A lenda é adornada pela tradição popular
que, por sua vez, sobre a esteira da genealogia, adquire um “quê” de solidez
política e de inquestionabilidade espiritual. É o trabalho de dois milênios que
martela a mesma alternativa! O tal de Abrahão parece que toma café conosco, é
íntimo. O tal de Moisés também, afinal de contas, tirou nossos antepassados das
garras de um faraó politeísta e vilão. É Yahweh quem nos garante. Está escrito,
não se discute isso desde o início, por ser um costume de alta confiança. O
judeu repete a mesma coisa, entra dia, sai dia.
Desse jeito genealógico, empilhando os
sonhos dos antigos, os relatos se validam “cientificamente”. Como? Com o
suporte das artimanhas dos arqueólogos embusteiros, geógrafos oportunistas, historiadores
venais e filólogos trapaceiros de tempos idos... A arqueologia da Palestina é
muito pobre, se comparada a da Grécia, do Egito ou da Mesopotâmia. Por isso,
ficou mais fácil para o povo acreditar que Deus escrevera e inspirara o Livro
da religião judeo-cristã. Assim sendo, fomos de um “livro santo” preparar o
arcabouço de uma nação sui generis:
eleita por quem criou todas as outras nações e decidiu premiar o judaísmo como “povo-mundo”.
O que fazer? Ou engole-se a bola, como no século dezenove, ou Israel que se
cuide com o novo mundo!
Daqui para frente, problema escabroso que
os devotos do mundo judaico vão enfrentar se resume nessa interrogativa: como
sustentar a “veracidade histórico-positivista” da Torah e tentar mantê-la como verdade
nacional, diante da evolução do método histórico-crítico? A resposta será o
cúmulo do cinismo teológico.
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