quarta-feira, 27 de maio de 2015

A INVENÇÃO DO MONOTEÍSMO II

Dizem certos teólogos[1] biblistas que o patriarca dos judeus, Abrahão, teria existido em torno de 1800 a.C. e que seu herói Moisés, teria libertado aquela turba de escravos do Egito por volta de 1250 a.C., tudo engendrado na aleatoriedade antiga pelos interessados em inventar uma história de judeus. Só que esses contos não contêm nenhuma base histórica documentada na Antiguidade, a não ser no texto da própria Torah e, diga-se de passagem, começou a ser compilado no reinado do insignificante rei Josias, início do século VII a.C.! Aliás, abram-se de novo as bocas e pasmem: o Gênesis só foi escrito nessa época! E por quê? Simplesmente, porque os hebreus antigos não sabiam que tipo de enganação poderia ser aplicado naquele povo ignorante. Então, sobre o tema do primeiro homem surgido aqui na Terra, com as suas concupiscências, implantaram o terror pecaminoso teocrático, justificado pela elaboração de uma poderosa cartilha de conduta social. Por fim, inventaram uma historinha bem colorida para aqueles hebreus de pouca massa encefálica. Para a época, até que foi brilhante. Aliás, foi mesmo nesse século VII a.C. que a Bíblia começou a ser escrita efetivamente. Antes, eram somente tradições orais – telefone sem fio, coisa e tal...

Aqui neste livro não há antissemitismo, aliás, não estou nem um pouco preocupado com o judaísmo fora do contexto do constructo dogmático que este livro aborda. Acho a Torah admissível como um relato histórico convencionado, mas deplorável como proposta de perpetuação de uma teocracia inteiramente mofada por tantos séculos. Tristemente bolorenta.

Os mais expressivos biblistas da atualidade confirmam isso: Israel Finkelstein, Ze’ev Herzog, Navad Na’aman, todos luminares da Escola de Tel-aviv. Judeus que resolveram abrir a boca, contar a verdade ao mundo, pois não dá mais para engolir as baboseiras teológicas e tradições proto-históricas do jeovismo.

Segundo o próprio mestre Israel Filkenstein, na sua obra prima A Bíblia desvelada, o rei Josias de Judá, pretendendo unir os reinos do Norte e do Sul, deu o golpe político e inventou a Torah. Acreditou que com isso daria origem a uma “nação”, mesmo sem saber o que significava o etymon da palavra, que só viria a existir muito depois. Mas do resultado político ele conhecia muito bem: o que importava era unir gente em torno de alguma coisa. Então, os parvos moradores de Judá e os refugiados de Israel adotaram como moda a troca de cópias da Torah, cheias de historinhas do “arco da velha” que funcionam até hoje... Constantino, séculos mais tarde, vendo a divisão do Império Romano com o seu esfacelamento, porventura não encaminhou as coisas para que o cristianismo deixasse de ser perseguido e se tornasse a religião oficial do Estado? Ele estabilizou o império.

O mundo está num processo muito rápido de descobrimento das verdades camufladas pela religião ao longo da história, que antes não preocupavam o ser humano. Hoje, ninguém aceita mais o embuste fácil. O enredamento teológico, que dava sustentação ao poder, perdeu as roupas íntimas – ficou nu e desmascarado. A cada dia, as pecinhas do engodo religioso são desmontadas pelas vias da razão pura.

Numa reação inútil, as religiões embarcam num mega esforço desesperado para oferecer novidades ao povo. Um self-service de iguarias espirituais, ficando cada vez mais desacreditadas, ridículas e sob a falsa alegação de que a fé não precisa de compreensão... Inventam todo tipo de movimento com disfarces fúteis para atrair os jovens, impedindo-os de pensar e, ao mesmo tempo, ao subjugar os velhos, usam a conhecida covardia emotiva.

Espero honestamente que meus leitores percebam o quanto fomos manipulados pela fide e que as Escrituras não passam de meros barbantes de marionetes. Meus caros leitores, eu mesmo, que já acreditei mais nas palavras da Bíblia do que nas minhas próprias, como um autêntico fundamentalista, hoje tenho a absoluta certeza de que esses barbantes, que faziam de mim um títere da Igreja, esgarçaram-se bem depressa em meu favor.

Pior do que a torre de Babel: os tijolos de uma obra gigantesca de séculos deterioram-se rapidamente no presente século. Essa obra é o imenso edifício da fé judaico-cristã, através do Livro, que passou a ser visto por todos como questionável repentinamente. Os teólogos e sacerdotes do mundo inteiro sofrem hoje de cólicas atrozes, empalidecidos, com o pavor de que o edifício desmorone por completo, trazendo-lhes o desemprego em massa... O que seria da religião do livro sem o Livro, e do sacerdote sem dinheiro?

Segundo Louis Frédéric[2], no que concerne à Palestina, os testemunhos mais antigos até hoje encontrados de uma indústria humana, pertencem ao Paleolítico inferior e, portanto, situam-se entre 250 mil e 50 mil anos. Os mais antigos vestígios humanos, encontrados nas grutas do Monte Carmelo estão em torno de 140 mil anos. Isso é o que prova a ciência: uma “pequena” diferença na datação bíblica dos sete mil anos e da criação de Adão...

Aqueles pequenos reis de Israel adotaram um critério diferente para a consubstanciação de um povo eleito por Deus, que foi a ideia de institucionalizar a fé, permeando as suas monarquias. O sacerdote era a mola mestra desse sistema para construir o que é hoje um passado fictício. Todo israelense tem absoluta certeza, como uma ideia fixa inoculada no cerebelo, de que o seu povo foi eleito por Deus desde o momento da criação das leis no Sinai e assume convicto que é descendente direto daqueles nômades do deserto, separados por Deus para herdarem a Terra Prometida. Se voltarmos ao tema dos desvios cognitivos, teremos em mente que a crença só se processa de uma forma: um mergulho profundo numa ideia obstinada. Isto se chama fé.

Shlomo Sand[3], judeu que não se cala, disse que “Em Israel, esse amontoado de memória não se constituiu espontaneamente. Foi acumulado, estrato por estrato, a partir da segunda metade do século dezenove, por talentosos reconstrutores do passado que juntaram pedaços de memória religiosa judaica e cristã, na base dos quais sua imaginação fértil inventou um encadeamento genealógico contínuo para o povo judeu”.

Em contraposto às bobagens religiosas de antanho, surgem grandes mestres do pensamento a cada dia, impondo sua visão mais e mais audaciosa, para desmitificar o conceito de nação escolhida. Dignas de menção são obras como Estado judeu ou nação israelita?, de Boaz Evron; A historiografia sionista e a invenção da nação judaico-moderna, do professor Uri Ram e A invenção do povo judeu, de Shlomo Sand, a maior autoridade no mundo atual sobre as manobras religiosas e políticas da origem do povo judeu.

Esses novos filósofos judeus muito têm abalado as colunas fincadas desde os tempos em que a Torah, o Velho Testamento, foi inventado. E quanto aos velhos heróis? Será que realmente existiram? Se a resposta for sim, quando e onde? A Bíblia só fala deles de uma forma heteróclita, confusa e pouco crível à luz da historiografia dos outros povos. Um personagem, Abrahão, teria vivido 1800 anos antes de Cristo e outro, 1250 anos antes do mesmo Cristo. Quem estabeleceu isso? Os hábeis construtores das Escrituras, certamente.

Não há nenhum documento sobre esses personagens hebreus nos anais egípcios conhecidos. Tampouco, há relatos sobre as pragas supostamente mandadas por Yahweh, registrados na história de outros povos. Coisas como a água do rio Nilo ter sido transformada em sangue... Pragas de mosquitos, rãs, rebanhos mortos, moscas, granizo, peste, invasão de gafanhotos, escuridão do céu e morte dos primogênitos... Como acatar tais fatos registrados pelos hebreus primitivos do deserto, nitidamente com segundas intenções? Intenções de formatar um “povo eleito” por Deus. Semelhantes em tudo aos outros povos, mas que cometiam os mesmos erros, com os mesmos vícios da natureza humana daqueles que eram considerados ímpios. Há lógica nisso?

No século vinte, surgem superproduções fílmicas, com mais de seiscentas mil famílias destrambelhadas, fugindo da perseguição do faraó pelo deserto... Mas a população egípcia da época, estimada pelos arqueólogos, estaria na casa dos três milhões de habitantes. Às margens do Mar Vermelho, que na realidade era o canal de Suez, as águas levam uma cajadada miraculosa e todo o pessoal atravessa pelo fundo do mar na maior tranquilidade. Só que com montanhas de corais, rochedos, areia atolante; enquanto as pesadas bigas egípcias e centenas de soldados bem armados representaram um papel ridículo de estratégia militar, morrendo afogados. Tal fato deve ter encantado os participantes da expedição hebreia da época e, com certeza, aos bem posteriores cinéfilos, expectadores dos Dez mandamentos de Cecil B. DeMille, em 1956... Quando assisti ao filme ainda criança, confesso que fiquei impressionado com o “poder de Deus” e a teimosia de Yull Brynner, o Ramsés II.

Thomas Paine[4] foi terrivelmente perseguido pelos jacobinos franceses, simplesmente, porque sustentou a verdade sobre o fato de que Moisés jamais escrevera o Pentateuco. Para piorar, disse que foi escrito séculos depois, por vários embusteiros idiotas e mal-intencionados. Assim como hoje, outros falsários escrevem histórias que, supostamente, aconteceram num passado distante e continuam a alimentar fantasias para os tolos.

O Gênesis, livro da lenda da criação, só foi acrescentado aos livros históricos do Pentateuco muito mais tarde e foi o último a ser juntado à Torah. Durante séculos, os hebreus cobravam aos líderes religiosos explicações sobre a criação do mundo e do homem. Ora, não tiveram mais como enganar o povaréu. O início do mundo e da vida parecia tão distante para eles, que seria inviável continuar a manter a embromação das tradições orais através de gerações. Então, os inventores de fábulas, mais velhacos nessa arte, apoiaram-se em tradições impossíveis de constatação, que já estavam sedimentadas na mente do hebreu primitivo.

Aqueles líderes dolosos da época agiam exatamente como os de hoje: usando o duplo sentido das coisas e a introjeção do medo, com o consequente retorno da culpa, tão necessária à submissão ao “livro sagrado”. Os hebreus antigos conheciam a estratégia de aplicação dos desvios cognitivos para plantar crenças fortes que impressionaram o próprio Freud, em pleno século vinte...

As peregrinações de Abrahão e da sua família são fábulas engendradas com imagens fortíssimas para a imaginação, haja vista o quase assassinato de Isaac com o cutelo do pai e isso determinado por um ser benevolente... Mesmo que isso não fosse lenda, poderia um deus destruir o íntimo e toda a estabilidade emocional de um pai, preparando-o para matar seu filho? Nos dias que correm, Abrahão seria intimado pela Justiça e julgado por desestabilizar a psiqué de uma criança. Talvez condenado a voltar para o deserto.

Os redatores da Bíblia fizeram de Abrahão um herói e grande chefe militar. Sem heróis nada se faz e, sem mitos, muito menos. Assim, também foi com Moisés e outros mitos da Bíblia, até chegar aos heróis de hoje. Enquanto não corrigirmos nossos desvios cognitivos e reaprendermos a pensar, só existirão ilusões.

Descobriu-se uma pedra de toque no passado: a cultura de fé intocável, por convenção rabínica oculta. Surgiu uma arquitetura de esperteza para construir um povo-raça-estrangeiro, que descambou no absurdo do “gene judaico”. Ora, etnia é definida por um grupo de indivíduos com língua, religião e maneira de agir comuns, idiossincrásicos por semelhança. Raça já classifica os grupos humanos pelos seus traços físicos hereditários, onde implica a questão sanguínea. Como comprovar isso na Antiguidade?

Os antigos hebreus tiveram um devaneio identitário, misturado ao ethnos nacionalista, provenientes das lendas deterministas criadas sobre o deus do monoteísmo, ou melhor, do deus nacionalista do Sinai, quando sequer existia a ideia de nação... Aliás, os próprios judeus modernos têm variegado o conceito mais purista de nação, travestindo-o de citações obscuras e desviantes contidas na Torah.  Empregam a própria palavra Am (povo) com um cunho religioso exacerbado, ao referenciar tal vocábulo como unidade indivisível e com respaldo ideológico. Qual o povo sobre a terra que possui uma unidade indivisível? A verdade é que vemos o judaísmo de jeito tendencioso, com vistas à perpetuação de um nacionalismo fideísta, embasado numa ideia de “raça eleita”.

A maior ameaça recente aos judeus não foi Hitler, com o seu objetivo de arrasar o Estado judeu no seu projeto filosófico e conceitual, que abriga as falsas características judaico-biológicas específicas. A maior, única e letal ameaça hoje é o desgaste da ideia do deus monoteísta, vinculado a um livro desacreditado. Esse Livro tende a ser desconstruído com rapidez através do método histórico-crítico daqui para frente. A desconstrução final ocorrerá quando o senso comum compreender o processo de visão crítico-metodológico, que pode derrubar o mito de séculos.

O sentido de “povo”, pelo que entendo, são grupos humanos que permanecem dentro de fronteiras identitárias, mesmo variadas e imprecisas, até, mais tarde, chegarem a linhas demarcatórias mais definidas entre os grandes grupos linguísticos. Mas o fio condutor judaizante não se restringe à definição acima – o Livro teve o seu papel, reforçando um fim religioso. Não no sentido imposto por influências judaizantes seculares, mas a concentração da fé na Torah, institucionalizada, para blindar o Estado judeu. Uma forma de metaidentidade, sustentada pelo tempo de existência de uma fé incutida sobre múltiplas gerações. Um ethnos alimentado por uma ambiguidade de fé-má-fé, forjada com fins políticos.

Para Anthony Smith, “Um grupo étnico se distingue por quatro pontos característicos: o sentimento de uma origem comum ao grupo; a consciência de uma história única com a crença em um destino comum; a presença de um ou de vários traços culturais coletivos – específicos e, enfim, o sentimento de uma solidariedade coletiva única”.

Além da presunção de etnorreligiosidade, considera-se certa pretensão etnobiológica dos judeus. Porque, na verdade, “povo” é um grupo humano que vive num determinado espaço geográfico, ao deter características que ressaltam normas e práticas culturais comuns. Essas normas definem-se pela linguagem, indumentária, práticas habitacionais, de lazer e de alimentação, correlacionadas.

Religiões de per si não constituem nações, porque nenhuma religião possui um território comum cujos membros sentem e decidem que são os possuidores exclusivos daquele território. Isso não acontece dessa maneira.

O nascimento de uma nação é um autêntico processo histórico, sem que seja um fenômeno espontâneo. Mas, com toda certeza, um livro de fábulas santificadas não tem meios para definir uma metaconsciência, através de um conjunto de normas religiosas, que tentam concretizar uma ideologia unificadora como doutrina nacional. A consciência nacional é que dá origem à nação e não o oposto, porém jamais baseada num livro ausente de historicidade e destinado a formar mitos em torno do governo. Nesse caso, não seria apenas um governo teocrático, mas (o que ocorreu) uma nação-jeovista altamente questionável.

A construção da nação moderna é concomitante à consolidação do pensamento nacional e nisso concorrem múltiplos elementos culturais. Jamais um livro heteróclito de fábulas e absurdidades morais pode impor dogmas. Livro tem que ser discutido!

As democracias amadurecidas foram as que se libertaram totalmente dos mitos etnocêntricos antigos. Somente as tendências judaizantes ainda hoje flutuam nessa pequena boia salva-vidas, com a contumácia de postergar “uma identidade ancestral de continuidade genealógica”, impondo ao mundo um fundamento biológico e uma concepção equívoca de “povo-raça” eleito. Um deus é inventado com as características dos sentimentos humanos, pois não tiveram a capacidade de des-corporificá-lo. Por fim, um povo é inventado para, despudoradamente, afirmar-se eleito por um fantasma do deserto do Sinai.

A grande força na construção da ideia de “povo-raça” eleito, deu-se pela árdua elaboração textual de uma genealogia gigantesca, ao se recuar o máximo possível no tempo para que o nacionalismo ficasse mais robustecido com a história dos heróis antigos. Eles apostaram que a mitologia, junto dos seus heróis, é que forma os elementos necessários para a ativação do sentimento nacionalista, calcado nos mistérios, mormente advindos do cume do Monte Sinai. Porque, simplesmente, teria nascido naquele lugar o conceito de povo separado para marchar como nação.

Ficou claro, há séculos, que o povo judeu teme e treme diante da ameaça, para eles assustadora, que paira sobre a Torah: o descrédito gradual do povo. Quando as luzes do século dezenove se apagavam, Simon Doubnov, pesquisador judeu, declarou com tom de desespero: “Se nós queremos preservar o judaísmo como nação cultural e histórica, não devemos nos esquecer de que a religião judaica é um dos fundamentos mais importantes de nossa cultura nacional e que eliminá-la significaria abalar dessa forma esse fundamento da nossa existência”.

Doubnov, como todo judeu, insiste na “cultura da nação” laica, no “povo-mundo”, “povo-raça” eleito... Mas nenhuma nação pode abrigar um duplo nacionalismo, a menos que seja pela via do artifício religioso. Artifício inclusive que ele aplicou ao Gênesis, propondo ressaltar do seu conteúdo alguns aspectos próximos da realidade e que o mais ficasse apenas como metáfora... Esperto, não? Escamotear a história para embasar a “nação eleita” com metáforas que pudessem engrossar o nacionalismo para erigir colunas políticas. Metáforas milenares, simbolismos. Bem, foi uma tentativa mais atual. Ele pretendia colocar um véu sobre os relatos imaginários para concentrar a atenção no “núcleo histórico” da Torah, embora paupérrimo.

A lenda é adornada pela tradição popular que, por sua vez, sobre a esteira da genealogia, adquire um “quê” de solidez política e de inquestionabilidade espiritual. É o trabalho de dois milênios que martela a mesma alternativa! O tal de Abrahão parece que toma café conosco, é íntimo. O tal de Moisés também, afinal de contas, tirou nossos antepassados das garras de um faraó politeísta e vilão. É Yahweh quem nos garante. Está escrito, não se discute isso desde o início, por ser um costume de alta confiança. O judeu repete a mesma coisa, entra dia, sai dia.

Desse jeito genealógico, empilhando os sonhos dos antigos, os relatos se validam “cientificamente”. Como? Com o suporte das artimanhas dos arqueólogos embusteiros, geógrafos oportunistas, historiadores venais e filólogos trapaceiros de tempos idos... A arqueologia da Palestina é muito pobre, se comparada a da Grécia, do Egito ou da Mesopotâmia. Por isso, ficou mais fácil para o povo acreditar que Deus escrevera e inspirara o Livro da religião judeo-cristã. Assim sendo, fomos de um “livro santo” preparar o arcabouço de uma nação sui generis: eleita por quem criou todas as outras nações e decidiu premiar o judaísmo como “povo-mundo”. O que fazer? Ou engole-se a bola, como no século dezenove, ou Israel que se cuide com o novo mundo!

Daqui para frente, problema escabroso que os devotos do mundo judaico vão enfrentar se resume nessa interrogativa: como sustentar a “veracidade histórico-positivista” da Torah e tentar mantê-la como verdade nacional, diante da evolução do método histórico-crítico? A resposta será o cúmulo do cinismo teológico.


[1] Uma espécie de pseudointelectuais que se propõe ao estudo de fábulas que salvam almas.
[2] Um dos mais destacados arqueólogos do século vinte.
[3] Professor de História Contemporânea da Universidade de Tel-aviv.
[4] Escritor inglês (1737-1809) – escreveu a obra de filosofia deísta, Age of reason.

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