A INVENÇÃO DO PROTESTANTISMO
Seria inadmissível não entremearmos Max
Weber[i],
com sua obra Die protestantische ethik
und der geist des kapitalismus[ii],
a este diminuto e despretensioso histórico.
O
movimento protestante evoca e nos remete, mais do que qualquer outra vertente
religiosa, ao estudo da sociologia da religião, pois o protestantismo é muito
mais um fato social do que uma ação espiritual. Existe qualquer coisa entre os
seus praticantes que cultiva o espírito do capitalismo, com certeza, um tanto
contrário ao espírito do cristianismo primitivo. Segundo a tese de Weber, a
mola propulsora seria qualquer forma de ascetismo. O cristão, quando se “aparta
do pecado” em busca de santificação, ao interpretar a relação de trabalho como
uma forma de honrar a Deus, tipicidade cultual, aciona a motricidade
capitalista. Isso ocorreu, sobretudo, no universo das seitas pietistas,
calvinistas; em alguns segmentos metodistas e batistas. Com a Reforma surge,
portanto, uma nova ordem social.
A Reforma protestante, como já comentado,
foi iniciada a partir do protesto de Lutero ao fixar no portão da Igreja de
Wittenburg as suas 95 teses. A base da cosmogonia protestante foi lançada e a
alteração da história tornou-se muito profunda desde então. Em meio ao oceano
de seitas protestantes existentes, curiosamente, há uma série de pontos que as
cimentam de maneira muito sólida. O trilátero – Bíblia, fé e graça. A Bíblia,
ferramenta teocrática única, passa a ter autoridade suprema e infalível, a sola scriptura. A salvação só pode ser
alcançada a partir do consummatum de
Jesus Cristo, que passa a ser reconhecido como o único e suficiente salvador da
humanidade. A partir daí, a ressurreição é garantida àqueles que seguem o
Cordeiro de Deus. Os cristãos decidem congregar-se para estudar as escrituras,
celebrar a ceia e criam a prática do culto público periódico.
O início não poderia ser outro, a confissão
luterana. Suas bases estavam fincadas no sacramento do batismo; na absolvição
dos pecados através do sacerdote; na presença do corpo de Cristo na eucaristia;
na realidade do livre arbítrio do homem; no batismo de crianças; nas vestes
litúrgicas com seus paramentos e muitas outras tradições particulares. Em suma,
o reformador Martinho Lutero não se desvinculou completamente das tradições
católicas, mas deu o passo mais largo para o que seria visto como a modificação
da estrutura da religião cristã. A religião do livro. A religião do medo, da
bibliolatria.
A corrente que prosseguiu o movimento foi a
do reformista Zwinglio. Sucederam-no Bullinger e Farel, até que as rédeas do
movimento foram tomadas por Calvino, legando-nos a obra mais completa e
sistemática da Reforma, Institutio
Christianae Religionis, publicada em 1519. O sistema de governo
eclesiástico organizado por Calvino era o presbiteriano, uma democracia
representativa que serviu de paradigma para estabelecer o governo civil na
Suíça.
Para se diferenciarem da Igreja Luterana,
foram assentados os cinco pontos cardeais do calvinismo, recebendo esse
movimento novo o nome de Igreja Reformada. Essa agitação teve suas origens na
Alemanha, França, Holanda, Suíça e Hungria, com o calvinismo só admitindo dois
sacramentos – o batismo e a santa ceia. Em seguida, ainda sobre as bases
doutrinárias calvinistas, John Knox solidificou o presbiterianismo na Escócia.
Desde Lutero, um tipo de atitude
capitalista se desenvolveu: o motivo de que o cumprimento dos deveres humanos é
o autêntico meio de vida aprovável aos olhos de Deus. O resultado dessas
circunstâncias pesa em favor dos protestantes na luta pela existência
econômica. Enquanto, desde o passado distante, os católicos tinham tendência ao
aprendizado do saber humanístico, os protestantes se inclinavam para as
atividades artesanais, para as fábricas, subindo da mão de obra especializada
para as posições administrativas. O conceito de vocação veio a ser considerado
como doutrina central em todos os segmentos reformados. Em suma, a vocação
protestante não era como a católica que alimentava a imagem do asceta
monástico, mas o cumprimento dos deveres impostos ao homem pela sua posição no
mundo.
A Reforma teve como efeito mais
significativo para o protestantismo a justificativa moral para as atividades
seculares. Daí, então, o moderno espírito do capitalismo ter se formado. O
moralismo foi enfatizado enormemente e com ele, também, a sanção da religião,
robustecendo as atividades seculares na esfera vocacional. Isso descambou no
controle social religioso.
Nos tempos da Igreja primitiva, os cristãos
não se importavam muito com as atividades seculares. Viviam mais com os
nutrientes de esperanças futuras e escatológicas, pois esperavam, apenas, a
vinda do Senhor. Não prevalecia entre eles o ideal de trabalho, só importava o
reino de Deus. Nos tempos de Martinho Lutero, essa interpretação sofreu
alterações, tendo os valores da vocação se acentuado. Nessa abordagem, o homem
deveria se adaptar à sua vocação, ao percebê-la como uma ordem divina. Ora,
esse novo direcionamento, calcado nos valores religiosos, determinou, ainda no
estágio primitivo, um ressurgimento muito mais robustecido do espírito do
capitalismo.
Qualquer manifestação espiritual que aspire
ao “cristianismo genuíno” deve ser singela, autêntica, transparente e amorável.
O resto é engodo religioso. O homem, assim, buscando servir a Deus, mas ainda no
espírito sectário, prosseguiu com as agitações reformistas que promoveram as
grandes divisões doutrinárias.
En
passant, na Inglaterra, lá pelos idos de 1560, surgiu o movimento
congregacionalista, tendo como seu criador o pastor Richard Fitz. Eram
separatistas e se opunham aos presbiterianos. No século XVII, chegou à América
o navio Mayflower, sob o comando do famoso
capitão Miles Standish, trazendo os pilgrims[iii].
Estabeleceram-se em Plymouth, com o objetivo de fundar colônias ligadas ao
governo britânico, dentro de um sistema teocrático presbiteriano, mas
preservando a intenção comercial. Mais tarde, com diferenças doutrinárias
claras entre grupos concregacionalistas expandidos, houve a fundação da Igreja
Congregacional da Nova Inglaterra. Tudo isso debaixo de um rigoroso pacto
social.
O espírito do capitalismo de que fala
Weber, totalmente ligado ao calvinismo e às seitas puritanas da época, é o responsável
direto pela orgia protestante dos nossos dias no que diz respeito à fraude da
teologia da prosperidade[iv].
Óbvio que a organização capitalista não nasceu com a Reforma, é um processo
muito mais antigo. Mas o que nos interessa, assim como a Max Weber, são os
efeitos qualitativos desse fenômeno social e a expansão quantitativa pelo mundo
através do poder da religião. É para quem precisa dela e do mito, como falamos
no início deste livro, que a religião foi criada. Enxergando através do mito é
que se vê o destino dos iludidos.
A doutrina cruel da predestinação foi o
dogma principal do calvinismo. De julho de 1643 a fevereiro de 1649, o
parlamento inglês criou um concílio na abadia de Westminster para estabelecer nova
base doutrinária, teocrática, com o fim de dar sustentação à Igreja estatal.
Foi a Confissão de Westminster. No seu estatuto, vê-se que o homem perdeu
completamente a capacidade de executar qualquer ato espiritual que o conduza à
salvação. Na “lama do pecado”, esse homem não tem como chegar à conversão. Por
um decreto insondável do deus calvinista, parte da humanidade é predestinada à
vida eterna e a outra parte à morte eterna. Por essas e outras, é que passei a
interpretar o deus da construção bíblica como injusto. Os sortudos foram escolhidos
antes mesmo da fundação do mundo. Então, que se mordam os excluídos. Os eleitos
ficam por conta do amor desse deus inventado e da sua vontade, já os condenados
se prestam para projetar a glória desse deus. Então, fica assim: a Divindade não
é homem para que seja obrigada a dar satisfações a qualquer um. Trata-se de
algo como “decisões insondáveis”. Dessa forma, foi do agrado da Divindade poder
preterir, condenar à desonra o ímpio, para que a sua gloriosa justiça recebesse
todos os louvores dos homens. Porém, a todos aqueles em que aprouve a esse deus
predestinar à vida eterna, tiveram seus corações de pedra transformados e sua
vontade mudada na direção do que é reto e justo... Aí, a toda a humanidade de
dura cerviz, aos homens maldosos, a Divindade cegou-os e endureceu de vez os
seus corações para que não tivessem qualquer entendimento, entregando-os à
própria luxúria e ao poder das trevas. Desta feita, John Milton[v]
se expressou em relação a esse dogma do terror: “Ainda que eu seja mandado para
o inferno por isso, essa tal vontade divina jamais obterá o meu respeito”.
Na ótica calvinista e, de certo modo, na
visão protestante em geral, até os dias presentes, aquele que permanecer
afastado da “verdadeira Igreja” jamais será considerado parte do grupo dos
escolhidos de Deus. Usa-se até um provérbio dos antigos para manter o susto-sacro
nas igrejas de hoje: “Tomem cuidado, pois a brasa fora da fogueira costuma
apagar...”. Aliás, em toda a minha vida, este foi o dito mais eficaz que vi
para incutir o terror-sacro nas santas
criaturas de Deus. Sacros-líderes-infames, sacripantas!
O calvinismo foi permeado pelo conceito de
que Deus, ao criar o mundo, arquitetou que todas as coisas fossem predeterminadas
com objetivo de ampliar a sua glória. Não a criatura por si mesma, mas a
organização das coisas materiais sob o desígnio divino. Inevitavelmente, o
calvinismo trouxe à tona um novo problema: a dúvida quanto à própria salvação.
Como se ter certeza desse estado de graça? O que fazer se até Cristo, de acordo
com os calvinistas, teria morrido apenas pelos eleitos? Risum Teneatis![vi]
É a insanidade predestinista. O Sermão da Montanha é dirigido a todos!
O que eles tentaram fazer, na realidade,
foi montar um grupelho de eleitos, uma aristocracia dos separados, um créme-de-la-créme dos santos... “Serei
eu um salvo?”, imagine-se o desespero da dúvida. Dessa paranoia já fui vítima e
bem sei os estragos que tais doutrinas me causaram no passado. Marcas e sequelas
profundas que me acompanharam por anos a fio, até que me livrei delas. Mas o
consolo dos predestinacionistas era formulado assim: “Devemos estar satisfeitos
apenas em termos o conhecimento de Deus haver feito a escolha entre os homens”.
Os cristãos salvos estão no mundo apenas com o objetivo de aumentar a glória de
Deus. E só. Então, começa uma questão de batalha interior – cada um que
desenvolva o senso de autoconfiança na sua própria salvação, ou que se dane de
vez. Se esse tipo de autoconfiança vacilar, é o resultado de uma fé anêmica. Logo,
a graça é imperfeita. Ora, na graça imperfeita não há santo que aguente.
O papel de tal projeto sombrio era forjar
os atletas da fé, os santos-medalhistas-olímpicos, responsáveis por gerar os
heróis do capitalismo. Gigantes da fé que tivemos por herança: dos pastores
eletrônicos aos deuses do púlpito, que nos conduzem às soluções para os tempos
difíceis, a vergonhosa teologia da prosperidade. Os heróis da fé que travestiram
o reino de Deus num belo espetáculo de pirotecnia, luzes e cores dolarizadas. O
cristo-atômico! Porém, deve-se apenas aos ingênuos a existência do canibalismo
clerical. Mordam-se os calcanhares, ó povo tolo! Tudo sofre em nome da
necessidade psicológica e emocional da religião.
Quando os crentes calvinistas começavam a
manifestar muita convicção, lá vinha a cúpula doutrinária (na concepção do
devoto era o Asmodeu) e jogava milhões de sementes de incerteza sobre os
ascetas... Desmoronava, então, o pathos salvacionista,
porque só assim a sombra do clero poderia estar no controle das coisas. O maior
troféu de tudo isso representava a certitudo
salutis[vii]
que produzia uma positiva depuração de ideias, despreocupando o crente de
mergulhar na danação eterna. Não havia outro meio de aliviar a carga pecaminosa
e conquistar a certeza da eleição se não fosse através da prática do ascetismo.
Porém, do ascetismo laico intramundano. A existência da fides efficax[viii]
era o passaporte para a obtenção da certitudo.
A observação da conduta de cada crente era a forma de controle social mais vil,
desigual e covarde de que se tem notícia. O calvinista ficava na condição de
criar para si a convicção da salvação ou de se confundir todo em meio ao pavor
da condenação. Era a completa monitoração do estado de graça. O verdadeiro
arrependimento seria a expressão da conduta com retidão, uma vez que o
calvinismo alimentava a ideia da prova de fé do indivíduo através das
atividades seculares, o oposto direto da contemplação.
Recuando um pouco no tempo, prossigamos com
a história da Igreja Anglicana e Episcopal. Em 1527, na Inglaterra, aumentaram
as tensões religiosas e políticas. O rei Henrique VIII, casado com Catarina de
Aragão, estava sem sucessor para o trono inglês. Mary Tudor aspirava à ascensão
ao trono, mas como não havia reinado nenhuma mulher na Inglaterra até então,
foi o prenúncio de uma grave crise dinástica. O rei, ao tentar obter do papa o
divórcio de Catarina de Aragão, acusou-a de ser estéril. Thomas Wolsey[ix],
partidário de uma política bastante confusa, ora absolutista, ora democrática,
apresentava-se como amigo do povo, do monarca e difusor de novas ideias. Queria
o matrimônio de Henrique VIII com a filha de Luis XII, com o objetivo de obter
a aliança da França com a Inglaterra. Henrique VIII, então, tornou público seu
casamento com Ana Bolena em 1533. Para evitar a anulação do casamento com sua
favorita, fez com que o Parlamento votasse uma lei, em 1534, a Ata de
Supremacia, que impedia Roma de revogar as decisões da sede episcopal de Canterbury.
A Ata de Supremacia legalizava a constituição da Igreja Anglicana, mantida
assim até os dias de hoje.
Durante o reinado de Elizabeth I, houve
grandes mudanças em prol da Reforma protestante. Em 1559, o parlamento aprovou
uma nova Ata de Supremacia e Mathew Parker foi nomeado arcebispo de Canterbury.
Em 1563, foi editada a declaração de fé oficial da Igreja Anglicana, através de
trinta e nove artigos, afirmando-se protestante de tendências calvinistas. Em
seguida, iniciaram-se os conflitos previstos e as divisões se assentaram na
cúpula da Igreja. Firmaram-se dois setores, os não-conformistas (puritanos de
tendências presbiterianas e congregacionalistas) e os separatistas (crentes congregacionalistas
já formados, batistas, quakers e
seitas marginais). Nos dias de hoje, é comandada pelo patético arcebispo de
Canterbury. A Igreja Anglicana passou a se dividir em “Igreja alta”, de fundo católico-britânico
e a “Igreja baixa”, de base evangélica.
Nos idos de 1520, houve o período do
surgimento de igrejas de perfil independente, antagônicas à Igreja
estabelecida. Algo como uma reação contra o absolutismo da religião estatal.
Movimento dissidente da religião dominante, em tudo contrário às autoridades
eclesiásticas, que abriu caminho para a autonomia da igreja local. Ocorreram
nessa época as primeiras tendências de cunho laicizante. Autonomia plena no que
se refere à independência do batismo e demais atividades da Igreja com governos
locais dentro do conceito restauracionista. Entre 1525 e 1536, eclodiu o
movimento anabatista na Europa. Conrad Grebel, Felix Manz, Menno Simons[x]
e Baltazar Hubmayer foram os patronos da Igreja Menonita. Hubmayer, em razão de
ter formado as primeiras comunidades agrícolas cristãs, foi queimado vivo pelo
governo austríaco e sua esposa afogada no rio Danúbio em 1528. Os anabatistas
foram perseguidos odiosamente pelos católicos e, como se não fosse pouco, também
pelos “irmãos” protestantes...
Os crentes menonitas reprovavam o batismo
de crianças, as imagens de adoração, os sacramentos, os credos, o serviço
militar (atitude seguida pelas atuais Testemunhas de Jeová) e, ainda, se
recusavam a participar do governo civil. Houve a incorporação dos primeiros
revolucionários da santidade, pois obrigavam seus tolos seguidores a afastarem-se
das paróquias ditas corruptas, ao mesmo tempo em que criavam as comunidades
agrícolas independentes.
Dentro dessa tigela[xi]
anabatista foi criado um movimento secundário, os irmãos hutteritas, liderado
por Hans Hut e Jacob Hutter. Foram os baluartes das primeiras sociedades
comunistas, pena que logo entraram em choque doutrinário. Quanta insanidade a
autoria do hutterismo. O próprio Hutter acabou assado na fogueira por propagar
um tipo estranho de ascetismo agrícola.
George Fox[xii],
em 1646, teve uma “experiência milagrosa” com Jesus, através de uma paranoica
iluminação interior, que lhe apontou com precisão o caminho da verdade,
permitindo-lhe lançar as bases do movimento que deu origem aos quakers. Impressiona-me o fato desses
santos obstinados conseguirem, sempre de uma forma misteriosa, a submissão do povo.
Então, através da insegurança do falso, da ilusão do novo, das revelações
originais – herdamos o devir da vulgaridade.
George Fox fez oposição aos sacramentos, à
liturgia, aos clérigos profissionais e ao formalismo vigente. Iniciou a
carreira como pregador laico e fundou, em 1652, a Sociedade dos Amigos, com a
finalidade primeira de vigiar a conduta dos fiéis e, a partir daí, estabelecer
as diretrizes convenientes para o envio de missionários pelo mundo.
Na perspectiva protestante, o Diabo é o
representante do mal. Não se cogitam antecedentes, fazendo-se crer o próprio
Belzebu como o criador do mal. Mas o Diabo apenas teria alcançado e se valido
do mal até hoje. Assim, resta-nos concluir o mal como uma criação divina para
chegarmos à percepção de que, sem o mal, nunca reconheceríamos o bem. Logo, o
Criador teria esculpido o mal para que o bem se sobressaísse, simplesmente pelo
fato do bem ser algo raro e pretendido. Com base nessas querelas, o
protestantismo produziu muitas divisões doutrinárias, mas por que a medida de
intensidade do bem foi estabelecida pelo mal?
Na perspectiva de Foucault, “homens dominam
outros homens para que haja diferença dos valores e classes dominam outras
classes para que nasça a ideia de liberdade”. Ora, o mal guarda relação direta
com o poder e o mesmo não observamos com o bem. Se a verdade não existe fora do
poder, segundo Foucault, pois pertence só a esse mundo, em cada sociedade que tem
o seu regime de verdade, o mal passa a ser a maior das verdades. Então, onde
fica a verdade absoluta e para que o bem? Veleidade?
Numa certa medida, os quakers abriram o caminho para o que se pode chamar de família
batista. O berço do movimento batista, que surgiu no início do século XVII, foi
a Inglaterra. A verdade é perceptível, entretanto, os clérigos criativos a
denominam de várias maneiras: igreja isso, igreja aquilo, minha igreja, a
verdadeira igreja do Senhor, e outras mais...
A base doutrinária dos batistas, ainda que
ao compartilhar os princípios com os anabatistas, era a adoção da Bíblia como
única autoridade de fé e prática, o batismo por imersão em idade adulta, a
separação da Igreja do Estado, assim como a liberdade de culto.
A primeira Igreja Batista dos Estados
Unidos se formou em Rhode Island, em 1639, fundada pelo pastor Roger Williams. Posteriormente, suas bases se estenderam até Newport,
New England, Rehoboth, Swansea, Boston, Kittery, New York e New Jersey. Em
1670, surgiu a Associação dos Batistas Gerais dos Sete Princípios em Rhode
Island. Posteriormente, a expansão para a Virginia e Pensilvania. Em 1727,
criaram a Associação dos Batistas Originais do Livre Arbítrio, Batistas Gerais
e assim foi a maneira como se perpetuaram.
Outro grupo foi o dos Batistas do Sétimo
Dia. É desnecessário dizer que seu dia de culto, ao invés do domingo, passou a
ser o sábado. Foi essa a primeira Igreja sabática em solo americano, fundada em
1671 pelo reverendo Stephen Mumford. No século XIX, foi organizada a primeira Conferência
Geral dos Batistas do Sétimo Dia em Wisconsin. Em 1845, foi formada a Sociedade
Missionária dos Batistas do Sétimo Dia.
Dignos de nota foram os Batistas Particulares,
oriundos da Inglaterra do século XVII e tendo como líder John Spilsbury. A
salvação pertencia somente aos eleitos e os consagrava calvinistas acima de
qualquer suspeita. A partir de 1640, começaram a praticar o batismo por imersão
e repudiaram a forma por aspersão. Os santos irmãos logo criaram algo para
conferir solidez às peripécias dogmáticas vigentes, que foi a Confissão Batista
de Londres, com os seus cinquenta “inspirados” artigos de fé.
O papel primordial das várias seitas
batistas foi o contínuo desprestígio dos sacramentos como via de salvação do
homem. Somente a revelação do Espírito Santo capacitaria o homem à salvação por
Cristo. Vazio da luz interior do espírito de Deus, o homem natural, ainda que
conduzido pela razão, viveria na carne e essa irreligiosidade era o alvo da crítica
mordaz dos batistas. O movimento batista pretendia ser a real Igreja
neotestamentária, como todos os outros movimentos projetados na conduta ingênua
e melíflua de seus membros... Todos, é lógico, pretendem ser a verdadeira Igreja
de Jesus Cristo. Aliás, todas as igrejas são boas, mas a minha é a que mais se
aproxima da doutrina dos apóstolos...
Outro importante movimento protestante foi
o pietismo. Nascido na Alemanha, na segunda metade do século XVII, teve como líderes-fundadores
os luteranos Jacob Spener[xiii]
e Hermann Francke[xiv].
Esse novo empreendimento propunha como ponto de partida a doutrina da
predestinação, confusamente mesclada a um sentimento de ascetismo e situava-se
como um desdobramento piedoso das doutrinais originais do calvinismo.
O pietismo passou a ser uma reação contra o
luteranismo escolástico através da busca da piedade permeada por uma
espiritualidade exagerada. Em busca da praxis
pietatis[xv],
diluía-se toda a ortodoxia da doutrina cristã. Seus adeptos, em função de um modus vivendi[xvi],
organizaram-se isoladamente em conventículos onde Judas, volta e meia, esquecia
as botas. Afastados de tudo e isolados de todos na busca da santificação,
somente os frutos da fé prevaleciam. Atrelados a uma filosofia que cultivava
uma profunda comunhão com Deus ainda nessa vida, com ascetismo intenso, os
pietistas pregavam a possibilidade de existência vitoriosa sobre as tentações
mundanas. Esse novo direcionamento comportamental produziu a inevitável prática
da demonstração de uma conduta baseada em sinais exteriores, ou seja, uma
competição interior na pista da santificação exteriorizada pelo viver da
aparência.
Aliás, nos primeiros anos do século vinte,
Gunnar Vingren e Daniel Berg[xvii],
dois missionários sacrossuecos, emergiram da Igreja Batista europeia, vindo
para o Brasil com a missão de estruturar o pentecostalismo. Esses heroicos
líderes-fundadores da “Igreja renovada”, como em todas as religiões, é claro,
também tinham que parecer santos. Somente os santos e conquistadores como
Colombo conseguiam colocar um ovo em pé. Os primeiros faziam milagres, o segundo
já foi mais genial: deu uma “quebradinha” no ovo contra a mesa para que ele não
virasse... Aconteceu, então, aqui pelo Brasil, o que Max Weber classificou como
êxtase religioso neuropatológico. O princípio do estado semiconsciente do
êxtase, já virando uma religião de caráter assumidamente histérico. A suprema
vitória da emoção sobre a “fé equilibrada”. Mas, o que é fé equilibrada, uma
vez que a fides é irracional? “Só sei
que nada sei” e, também, ao considerar que a história se repete sempre, os
suecos não deixaram de buscar referências em tempos idos, lá pelos pietistas,
um modelo sublimado de aristocracia santa dos eleitos. Histéricos, entretanto.
Sarcasmos à parte, o apóstolo são Paulo, na
carta aos Romanos 16:16, diz-nos: “Saudai-vos uns aos outros com ósculo santo.
As igrejas de Cristo vos saúdam”. Ora, isso significa exatamente que bom seria
todo homem entendesse que as igrejas que praticam um tipo de cristianismo
fundamentado no amor, na morte e na ressurreição de Jesus, em tese, “seriam
autênticas” nas suas bases.
A certitudo
salutis pietista da santificação, com certeza, é o passaporte para o delirium máximo dos santos, pois confirma a experiência religiosa como inconsequente
e vazia, assentando a fé como algo absolutamente irracional. Era o intento
inicial de que a pietas fosse
transformada em um procedimento metódico. Assim, passível de ser efetivada como
elemento identificador, controlador e repressor dos eleitos. Lembrando a
Confissão de Westminster, em 1648: “A outros escolheu Ele para a condenação
eterna, segundo o conselho da sua santa vontade, a mais livre e a mais justa”. Um
modelo de tirania eclesiástica efetiva e de empulhação.
Lançando-se um olhar sobre o pietismo no
seu conjunto, é nítida a tendência ao emocionalismo,
mas com o legado do lastro capitalista na consciência do trabalho secular como
sacerdócio, na figura do funcionário fervoroso, do patrão na condescendência
piedosa, ainda que patriarcal, ou seja, o trabalho de cada um interpretado como
meta missionária no mundo.
Com o advento dos assembleianos[xviii]
(que até hoje lutam para camuflar sua condição de seita), ficou mais evidente a
separação religiosa entre os protestantes: o cristianismo liberal, tolerante,
originado do hemisfério norte versus
o cristianismo da superstição do hemisfério sul. Observe-se que, na Europa e em
grande parte dos Estados Unidos, a religiosidade perde terreno, enquanto que,
nos países pobres do terceiro mundo, revela uma ascensão. A pobreza se
apresenta como determinante para o êxito do malefício: a superstição religiosa!
Foi o trabalho iniciado por Gunnar Vingren e Daniel Berg, com toda a carga de
intenção reformadora, o ponto de partida para o êxtase religioso
neuropatológico. A partir daí, com o surgimento desse neuropentecostalismo de
histeria coletiva, tudo passou a ser conduzido pelas já tão conhecidas
revelações. Assim, por essas e outras, é que o brasileiro antes se inclina para
o fantástico; para a pirotecnia-sacra, daí se enrola por inteiro na teia das
superstições neopentecostais. O homem é o produto do meio.
O que mais me fascina[xix]
nas seitas pentecostais é a necessidade total de símbolos e elementos
pseudotransformantes acrescidos aos processos de conversão. Pela via ótica dos
primeiros cristãos, era bastante um novo nascimento (o que certamente garantiria
uma conduta renovada), porém, as atuais doutrinas pentecostalistas híbridas
deixam ao longe os pietistas com a pobre simplicidade. Os supercristãos
pentecostalistas, tais quais os heróis da Marvel
Comics, exibem um leque de conquistas
poderosas: festivais de revelações fofas, sonhos mirabolantes, cascatas de
curas, línguas estranho-dubitáveis e profecias fantásticas de todas as cores.
Não basta a simples salvação, pois, para evidenciá-la agora, só acompanhada dos
superpoderes. Claro está, entretanto, que este comentário se refere unicamente
aos processos de pasticho implantados pelo sectarismo. Dogmas pentecostalistas
que deformam o mistério divino. Certo é que a Bíblia nos revela coisas
interessantes sobre os dons espirituais, porém, infelizmente, é passível de se
pressupor deturpações graves no texto com o intuito de fortalecer o plantio de
ações doutrinárias tendenciosas.
É pena que os superpoderes não eliminem a
total desmesura e plena rusticidade que acompanha os portadores do vírus do
sectarismo. Os defensores do pentecostalismo barato, com os estereótipos das
suas indumentárias típicas; dos estranhos arranjos de cabelos femininos,
representados por enormes “coques santos”; da apologia da morte da estética,
seja nas roupas, no cuidado pessoal, ou na decoração de suas casas, esses
pertencem ao mesmo time que apoiou o Tribunal do Santo Ofício de tempos idos.
Com a diferença de que, os de antigamente, nos brindam com o sabor da história
e nos remetem a Umberto Eco. Os de hoje são meros anões estéticos e
espirituais. Parvos, tristes. Recalcados.
Gritam aleluias, berram glórias a Deus da
boca para fora. Quanto mais urram, mais os pastores confirmam a “presença de
Deus”. Os vizinhos incomodados não ousam reclamar do milagre. Mudanças e mais
mudanças de superfície... Nada denso. Delírio, multidão e algodão doce. E assim
tudo se propaga, prega-se e prolifera-se desordenadamente. Viva aquilo que mais
nos interessa hoje, a teologia da prosperidade! Teologia vagabunda,
tendenciosa, que produz a pior das paranoias: se um irmão não vai bem das
finanças é porque está caído da graça... Porcalha teológica que discrimina os
coitadinhos e os coloca no páreo da corrida do ouro! Teólogos velhacos
excluídos da Arcádia sacra, oportunistas e salteadores dos bolsos alheios que
condicionam as ovelhinhas às condições da corrida materialista! Escancarada ou
velada essa teologia foi projetada para manipular os encéfalos sectários que
mais se parecem com moluscos atrofiados. Mais merecem é ser enganados na
crendice cega que os nutre. Pouco importa, porém, desde que o Senhor
multiplique os ganhos. Deífico dinheiro.
O mais intrigante de tudo é que temos a
garantia dos patriarcas. São os sustentadores das nossas crenças. Um Moisés
aqui, um Arão ali, um Joseph Smith acolá... Um Jimmy para você e um Gunnar
Vingren para mim, e assim vamos montando nossas colmeias para “servir ao Altíssimo”.
Imaginemos o metodismo sem um John Wesley qualquer, ou a Igreja Luterana sem o
reformador. Ai de nós, fariseus! Eles deram passos para que nós tivéssemos a
quem exaltar e pagar os dízimos, pois adorar mesmo só a Deus. Nós soltamos
Barrabás! Condenamos o inocente! O sectarismo ensinou-nos a troca. Sem a troca,
não poderíamos fabricar nossos heróis, pois foram eles os únicos responsáveis
pelo acesso ao todo-poderoso. Fica mais ou menos assim o credo dos sectários:
“Ninguém vem ao Pai senão por Wesley, ou outro líder qualquer”. É tal a
impossibilidade do homem em desenhar Deus no coração que, invariavelmente, o líder
humano se faz necessário. Mas se Jesus é o mediador, para que tantos líderes?
Se as religiões são o caminho para Deus, para que Jesus? Como não é um só
rebanho, optamos por fabricar vários caminhos. Criamos tudo que nos escraviza.
Até criamos o nosso todo-poderoso! Formatamos e formalizamos tudo para sermos
infelizes. Quando damos asas às emoções, sem conjugá-las com a razão, a exemplo
dos pietistas e outros mais, tornamo-nos fanáticos simplesmente.
Outra tentativa que deu certo foi o
metodismo. John Wesley[xx],
ao voltar de uma viagem missionária da Geórgia em 1738, frustrado no trabalho
de evangelização com os índios e colonos americanos, assistiu a uma reunião da
Sociedade Pietista que determinou a mudança maior da sua vida. Wesley passou a
entender que a perfeição representava uma segunda experiência de graça após a
conversão e se tornou mais um artista midiático.
O metodismo recebeu a sua inspiração do
pietismo, mas com a visão voltada para a conquista da certitudo salutis[xxi]
através do método de conduta e de uma natureza totalmente sistemática. Isso
tornava as coisas um tanto mais passíveis de controle, ao provocar, através do
método, as emoções necessárias ao ato da conversão. Era um caráter, talvez,
ainda mais emocional do que o encontrado no mundo pietista. As obras, de fato,
constituíam, a olhos vistos, a definição do verdadeiro convertido, uma vez que
era a prova de que o pecado não mais exercia domínio sobre o converso. O homem
e a busca das evidências exteriorizadas.
Basicamente, era uma certeza emocional da
salvação produzida pelo tipo de fé em questão, de imediato acompanhado por um
sentimento mais aquietado e sereno na conquista da perfeição[xxii].
Uma vez, através dos métodos emocionais, com as dúvidas inerentes à salvação
solucionadas, as conquistas posteriores se tornavam mais fáceis. O sentimento
da graça dava o suporte necessário à retidão de conduta, o que tornava, pelo
clero, o melhor instrumento de detecção do estado de graça de cada um.
Foram várias as derivações do metodismo e,
como sempre, a semente da politicagem plantada pelo clero. Na América, antes da
guerra civil de 1860, a Igreja Episcopal Metodista do Norte era contra a
escravidão, e a Metodista do Sul, a favor da escravidão. Hoje, há mais de vinte
organizações nos Estados Unidos que usam o título de metodista como parte do
seu nome oficial. Como é fácil falar de Ágape e amor ao próximo. Mas
enaltecidos sejam nossos obstinados metodistas, escolhidos por Deus para a
eternidade, com o prêmio de deslizarem pelas nuvens com John Wesley... Não só
os metodistas, mas toda a pastorada esquecida de que, antes das baboseiras
faladas nos púlpitos, torna-se necessária uma vida de integridade aprovada e
regida pelas normas sociais básicas. De tal coisa, não há como fugir! Como amam
o ouro, os irmãozinhos. Aliás, o clero em geral tem apetite de tubarão...
Cargos, honrarias, títulos: bajular os pequeninos pela adesão fideísta e os
grandes pela adesão dinheirista... Pelo menos, os artistas e os intelectuais de
verdade estão bem longe deles: têm arrepios de tais profissionais do púlpito e
os clérigos fingem não saber disso. Esses clérigos são salvos inquestionáveis, só que no fundo, titubeiam e gelam com as
dúvidas sobre a eternidade, na incerteza da salvação deles próprios!
O
século dezenove marcou como o período da multiplicação das igrejas
independentes. Mantinham o selo do pietismo. A Igreja Evangélica do Pacto na
América; a Igreja Evangélica Livre Sueca; a Igreja do Pacto da Noruega; a
Associação da Igreja Evangélica Livre Noruega-Dinamarca; a Igreja Evangélica
Livre da América; a Missão Aliança Evangélica, etc.
No início do século dezenove, proliferavam
as irmandades fundamentalistas. A estrutura eclesiástica era sempre do domínio
das congregações locais, portanto, um sistema de células. Com uma rígida e
literal interpretação das escrituras, deram um foco escatológico marcante aos
seus ensinamentos, com destaque para o arrebatamento[xxiii],
ocorrendo antes da grande tribulação. Dentre todas as irmandades, se destacaram
os Irmãos de Plymouth que celebravam seus cultos em residências e salas,
colocando nas portas o nome de Assembleia Evangélica. Ainda surgiram, em 1848,
os Irmãos Abertos, pois se relacionavam com várias outras irmandades, abriam
editoras, publicavam boletins e mantinham agências missionárias como a Christian Missions in Many Lands; o Missionary Service Committee; a Walterick Publishers of Kansas City; o Emmaus Bible College, e os Exclusive Brothers que só alimentavam
relações fraternais com outros irmãos da mesma facção.
Importante foi o Movimento da Santidade,
inserido na tradição da doutrina wesleyana e iniciado na primeira metade do século
dezenove pelo famoso evangelista Charles Finney. Tinha como proposta principal
a união de várias denominações na celebração de reuniões de avivamento. Em
1867, foi fundada a Associação Nacional de Santidade para a promoção da segunda
benção[xxiv],
assim como fortalecimento e confirmação salvífica[xxv]
dos neófitos. Os seus ministros eram proibidos de cursar escolas superiores de
ensino, especialmente aquelas que ensinavam as teorias científicas novas, como
por exemplo, as de Charles Darwin sobre a evolução das espécies. Também não
podiam dançar nem fumar, ou beber licor. Nessa empolgação, formaram-se muitas
novas denominações do tipo “santidade”: Igreja Metodista Livre, Igreja do
Nazareno, Exército da Salvação, Aliança Cristã Missionária, Igreja de Deus e
outras. Quanto mais santidade, mais camuflado ficou o dolo!
Na primeira metade do século dezenove,
também eclodiu outra obra de avivamento: o Movimento Restauracionista. Seus
chefões eram Thomas Alexander Campbell e Barton Stone. A proposta, de uma vez
por todas, a mesma: a restauração da Igreja primitiva do primeiro século. Os
restauracionistas reagiram ao profissionalismo dos ministros da época e à
estrutura denominacional vigente, que estabelecia firmemente uma rígida atitude
antidenominacionalista. Erigia-se, em definitivo, um líder laico com toda a
autoridade para cada congregação local. Declaravam cheios de gabolice: “Quando
as sagradas escrituras falam, nós falamos; quando as escrituras não falam, nós
não falamos”. Entretanto, Walter Scott, um dos seus líderes, fez a sustentação
da salvação através do batismo nas águas. Milhares de neuróticos de outras
denominações que, ao nascerem, foram batizados por meio da aspersão
(episcopais, presbiterianos, metodistas e luteranos), partiram para a imersão,
obtendo o perdão dos pecados através de um mergulho na piscina batismal...
Dividiram-se, pouco depois, por razões de
poder manter ou não instrumentos musicais nas congregações, especialmente o
órgão, motivo da querela principal. É bom lembrarmos as brigas de séculos atrás
sobre a cor que os pintores deveriam usar para representar o manto da Virgem.
Azul ou vermelho? Hoje em dia, desapareceram os órgãos das igrejas. Qualquer
lata ou pandeiro pode bem reproduzir os sons que merecemos. No futuro, talvez tenhamos
pinicos para inovar algumas bandas gospel...
A música se tornou o divisor de águas.
Vieram denominações aos montes, umas instrumentais, outras não instrumentais.
Igreja Cristã dos Discípulos de Cristo, Associação Cristã, Congregação Cristã,
Igreja de Cristo, e vai por aí. Umas brigavam por motivos musicais, outras por
celebrar a ceia com taças de vinho individuais e outras por insistir que a taça
deveria ser única para todos, mesmo com o vinho mais espesso devido à mistura
da saliva fraterna... Isso era, inegavelmente, uma genuína prova de amor ao
próximo.
Neste breve histórico do protestantismo,
não posso excluir os adventistas. Falava-se muito da volta de Cristo na época.
Um pregador leigo batista conhecido como William Miller, em 1831, anunciou o fim
do mundo, fixando a volta de Jesus para 14 de março de 1844. Mais de cinquenta
mil paranoicos que seguiam Miller reuniram-se de madrugada em todo o país e o
Senhor não veio. Um discípulo de Miller, Samuel Snow, junto do seu mestre, reajustou
a nova vinda para o dia 22 de outubro, mas que pena, ainda não foi dessa vez. O
dia ficou conhecido como The great desilusion.
Após o fiasco, Miller desculpou-se, oportunista que era, aproveitou que seus
seguidores não queriam mais voltar às suas denominações de origem por tanta
vergonha e fundou mais uma seita. Lançou as bases do advento do Messias.
Frente às dúvidas gerais e diferenças de
opinião em torno da guarda do sábado, da interpretação das profecias, dos
costumes judaicos, uma louca mulher profetisa, Ellen G. White, ordenou os
ensinamentos de Miller, acalentou seus pobres seguidores e lhes esclareceu as
dúvidas que tinham. Os que se rebelaram, abriram novos caminhos adventistas.
Assim, formaram-se três famílias: a Igreja Adventista do Sétimo Dia, a Santa Igreja
Adventista do Movimento da Reforma e a Conferência Cristã do Sétimo Dia. Em
1866, os sabatistas repudiaram Ellen White e fundaram mais três subfamílias: a
Conferência Geral da Igreja de Deus do Sétimo Dia; a Igreja de Deus do Sétimo
Dia e o Concílio Geral das Igrejas de Deus. Curiosamente, no Novo Testamento,
podemos ler que se alguém quiser guardar a lei de Moisés e tropeçar em apenas
um ponto, torna-se culpado de todos. Mas o dízimo continua valendo! Os irmãos
só não podem tropeçar nesse ponto, o de cumprir a lei do dízimo... Se não der o
dízimo é ladrão de Deus! A cúpula do clero protestante baba um líquido
esverdeado, segregado pelo fígado, com a quebra desse mandamento. Que Deus
pobre, que só consegue fazer alguma coisa quando recebe o nosso dinheiro... Ah,
esqueci que Ele está nos testando, a finalidade é ver se estamos libertos no
espírito para que nos tornemos grandes colaboradores! Pena que os seus gerentes
comerciais não têm tempo para prestar contas ao patrão. Pústulas que criticam
os cobradores de impostos.
Chegamos à tradição pentecostal já citada
antes. O ponto nevrálgico de toda a doutrina é a glossolalia, ou seja, a possibilidade de se falar em outras línguas
pelo poder do Espírito Santo. Os pentecostais postulam esse dom através do
batismo no Espírito Santo. No
primeiro ano do século vinte, supõe-se terem ocorrido pelo mundo episódios de
manifestações milagrosas, semelhantes ao dia de pentecostes. Relata-se que
milhares de cristãos receberam o batismo no
Espírito Santo e as igrejas tradicionais, em desacordo, excluíram a maioria
dos seus membros, considerados insurgentes.
Em 1906, Charles Parham, no Kansas,
organizou o Movimento da Fé Apostólica, sendo a primeira denominação
pentecostal da América. Em 1908, já havia mais de 25.000 profetas e apóstolos
no Kansas, Oklahoma, Texas e Missouri. No Brasil, o movimento foi incrementado
no Pará, através de Daniel Berg e Gunnar Vingren, patronos das Assembleias de
Deus. Foram aclamados semideuses do público pentecostalista. O negócio era
falar em línguas. Passar cheque sem fundo, mentir, furtar, cobiçar a
mulherzinha do outro, pedofilia, tudo isso está errado. Mas, se falar em
línguas, fica tudo em casa. Já ameniza um pouco. Vai tudo para baixo do tapete.
A partir de 1907, com foco total na
santificação, dezenas de denominações pentecostais passaram a existir: Igreja
de Deus; Igreja de Deus em Cristo; Igreja Pentecostal da Santidade; Igreja Pentecostal
de Cristo; Igreja de Deus da Profecia; Igreja Congregacional da Santidade; Igreja
Cristã de Damasco e dezenas de outros clubes denominacionais.
Em 1914, os evangelistas decidiram se
concentrar na doutrina do “só Jesus” e muitos pastores importantes foram rebatizados
em nome dessa fé. Rebatizados... O que seria um rebatizado? Um esquizoide
aquático? Nuance doutrinária que virou moda febril. A posteriori, houve a aprovação da fórmula batismal trinitária e os
líderes desse movimento saíram do conselho e formaram as suas próprias
arapucas: Assembleia Geral das Assembleias Apostólicas; Assembleia Pentecostal
do Mundo; Assembleia Apostólica da Fé em Jesus Cristo; Igreja Pentecostal;
Igreja Apostólica de Jesus Cristo; Assembleia Pentecostal de Jesus Cristo; Igreja
Pentecostal Unida, etc.
Ainda no início do século vinte, se
destacou um movimento pentecostal arquitetado por William H. Durham.
Denominava-se Doutrina da Obra Completa do Calvário, aceito por muitos grupelhos
pentecostais de origem presbiteriana, congregacional, calvinista, batista, etc.,
e combatido pelo grupo que defendia a santificação, como a Assembleia de Deus
do Brasil (a que se arvora como “autêntica”); a Assembleia Pentecostal do
Canadá; a Santa Igreja de Deus Pentecostal da América; a Igreja Internacional
do Evangelho Quadrangular; os Defensores da Fé; a Igreja Bíblia Aberta; a
Igreja de Cristo Missionário e a Assembleia de Igrejas de Nova Iorque.
Temos, ainda, na nossa cesta básica, os
pentecostais sabáticos. Ernst William Sellers, em Cuba, vulgo Daddy John[xxvi],
que fundou a Igreja Evangélica
Internacional, ou Grupo Evangélico Gideão, ou ainda Soldados da Cruz de Cristo
e a Assembleia Pentecostal do Sétimo Dia. E há quem ainda chame Salvador Dalí
de paranoico... Paranoica é a súcia que compõe o mundo do sectarismo!
As coisas se distorceram de vez. Em 1948,
George Hawtin e Herrick Holt fundaram um movimento chamado Última Chuva,
voltado para a ênfase na santidade divina, na designação de profetas e
apóstolos pela imposição de mãos, assim como a distribuição benévola de dons
espirituais. Exemplos são: a Igreja Independente da Última Chuva; Assembleia de
Elim; Assembleia de Deus Independente; a Igreja da Palavra Viva; as Servas do
Senhor dos Últimos Tempos e a Igreja Cristã Maranata (campeã absoluta de
revelações). Aliás, não há nada melhor do que aplicar as revelações para um
efeito rápido. As boas são como encher uma câmara de ar, deixam as pessoas
lânguidas de vaidade; já as más, aterrorizam a vítima antes de escravizá-la. À
medida que se repetem, destroem qualquer possibilidade de reflexão do incauto
até transformá-lo numa colcha de retalhos, carne moída pura. Esta é a condição
ideal para se virar refém do sectarismo.
É fantástico como o nome assembleia tem uma
grande força de marketing sacro. Não
é à toa que no Brasil se desenvolveu como a maior denominação pentecostal (sem
contar com seus braços emprestados), na maioria abrangendo a massa da população
pobre, tanto rural como urbana – menos favorecida intelectualmente. O público alvo
do pentecostalismo é a camada da população mais esfacelada culturalmente,
porque, com um povo tão numeroso, de grão em grão, a galinha enche o papo... Se
não fosse empregada a tática do emocional pela santíssima cúpula clerical
sapiente sobre um povo desamparado, esfomeado, flagelado até os ossos, com quem
haveria de se aplicar o sectário e sutil controle das massas? Com a
aristocracia? Com os humanistas? Talvez os artistas? Com os filósofos? Ora,
voltemos aos exemplos do velho Nietzsche: “O instinto profundo do modo como
devemos viver, para que o homem se sinta em pleno céu, eterno, enquanto
qualquer outro comportamento impede que esse mesmo homem se sinta no céu: essa
é a única verdade da psicologia redencionista, uma vida nova e não uma nova
fé...”. Para que o feito se consolide, o alvo tem que ser o senso comum: o
pobre, único pecador, pois o maior pecado do homem é ser pobre!
Os grupos pentecostais prosseguem. O
movimento carismático lança uma luz sobre igrejas como a Capela do Calvário,
fundada por Charles Smith e a Igreja dos Companheiros da Vinha, fundada por
John Wimber. O orgulho reformista conquistou o mundo e o orgasmo espiritual dos
pentecostalóides explodiu!
Em 1960, foi criado um discipulado
autoritarista que exigia obediência completa ao guia espiritual do discípulo, o
Movimento Pastoral. A tônica era a submissão total à autoridade pastoral. Na
Argentina, concomitante a esse movimento, surgiu o ministério de Juan Carlos
Ortiz, promovendo abertura para a criação da Igreja Pentecostal do Pacto.
Nessa mesma época emergiu (se das profundezas
não sei) a doutrina teológica da Confissão Positiva. Seus papas são Kenneth Hagin, Fred Price, Charles
Capps, Kenneth Copeland, Bob Tilton e Doyle Harrison. A
ênfase está na doutrina da afirmação da fé, conhecida pela maioria como o
“evangelho da prosperidade”, o ponto alto da apostasia. Como as metástases de
um câncer, a doutrina espalhou-se pelo mundo. Era só isso que faltava para
completar a obra de Max Weber, A ética
protestante e o espírito do
capitalismo, mas acho que ele foi mais feliz por não ter contemplado o
ocaso da possibilidade da fé e o saco sem fundo do atual surto da pornoteologia
que aponta para a nadificação da cristandade. Será mesmo? Vamos e venhamos, que
cristandade, se essa foi a maior invenção do judeoromanismo? Constantino? Só
ele leva a fama? Será que a cristandade já não nasceu nadificada nas mãos do
clero e do Estado? Por que não dizer que foi a maior invenção de todos os
tempos? O nascimento e a sagração do mercantilismo. Mas não foi o judaísmo que
construiu o cristianismo, patrimônio maior do capitalismo?
Daí, as coisas degringolaram. Delinquiram-se
espiritualmente. Tudo é consumo e o Evangelho não foge à regra. Ou se está no
mercado, ou fora dele. A religião não é mais religare. É desejo da carne. Brotaram várias associações “cristãs”
de homens de negócios com jantares de talheres de prata da Babilônia, atalhos
para negociatas e pessoas interessantes, mas sabemos que a finalidade é a
glória de Deus, lógico. “Não julguem para que não sejam julgados, irmãos. O
Senhor é o dono do ouro e da prata. Não quer seus filhos na miséria. Logo, se um
filho de Deus qualquer está ‘mal de vida’ é porque alguma coisa está errada com
ele. É preciso oração para que o pobre encontre, o mais rápido possível, seu
lugar na nova teologia da prosperidade. Se for pobre, é perdido... Corre
irmão!”.
Para não excluir do nosso histórico alguns
grupos que se consideram cristãos, embora não sejam assim considerados pelos
evangélicos que se declaram genuínos, nomeei esses povos de perisecta[xxvii].
Esses grupos são ainda bem mais sectários, pois pretendem ser absolutos e
exclusivos, não admitindo as principais correntes do cristianismo. Entre eles,
o grau de intolerância é extremo. Como os amish[xxviii],
eles também pretendem a separação do mundo por convicção absoluta e pretensão
de ser o único povo escolhido por Deus. Não admitem, em hipótese alguma,
dividir essa prerrogativa com qualquer outro grupo religioso. Ih, Eterno meu!
Por que a massa ignara é tão cega e se esparrama na lama?
Quem, portanto, discrimina os seus iguais
que podem existir pelo ato de um possível criador, vive na condição de
pré-história, organizando-se, no caso em questão, em forma de bando. É o grau
de brutalidade que caracteriza os pré-históricos, mas será que, com todos os
recursos e refinamento da vida moderna, o ser humano continuará a abrigar no
coração a brutalidade religiosa sob a forma da discriminação? Se isto
acontecer, o seu grupo prosseguirá na qualidade de horda e de barbárie
espiritual.
Dos movimentos extremistas citados a
seguir, temos a Igreja Mundial de Deus; o Movimento do Nome Sagrado; os
Associados da Sabedoria Escritural; as Testemunhas de Jeová; o Povo de Jesus;
os Meninos de Deus; a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias
(Mórmons); a Igreja Liberal Unitarista; a Igreja de Cristo Cientista; o
Movimento do Evangelho da Graça; a Igreja da Unificação; a Igreja da Luz do
Mundo e milhares de outros movimentos de pouca expressão espalhados por todo o
mundo. Santa demência, o mundo jaz no maligno – homo!
No meio evangélico, o verdadeiro
significado do religare perdeu-se
entre rituais, regras e doutrinas de todo tipo. Perdeu-se, mesmo, pela divisão
denominacional, pela multiplicação desordenada de rupturas e cisões no seu
interior, pela falta do deus que eles pregam. Na verdade, deus da tristeza, da
culpa e da morte. A-deus.
As preleções mirabolantes do evangelista
eletrônico Jimmy Swaggart foram descritas como coitos espirituais... Sua
carreira em busca do ouro foi muito curta, um fiasco. Aliás, a maioria das
religiões protestantes “organizadas” com estatutos, contratos, velhacarias,
negociatas dolosas, parecem mais estar em busca do ouro do que de Deus e
termina, quase sempre, em algumas moedas de prata... Para que o evangelho morra
na cruz.
Curiosamente, concluindo tudo que
analisamos a respeito do crescimento do capitalismo no universo protestante,
devido à natureza da sua própria fé, com a influência do ascetismo no conceito
do trabalho como vocação espiritual, o protestantismo é pobre. Porque é pura
divisão de ideias e de objetivos. Não tem estética, cultura e unidade. Assim
sendo, não está além de um fenômeno social vicioso. Movimento desbotado que se
pronuncia pela ausência de reflexão, cultura, coerência e absoluta falta de
estética, demonstrada pelos seus seguidores.
A Igreja Católica, segundo fontes de
informação de grande autoridade, só no Vaticano possui um capital de US$ TRI[xxix],
sem contar com os restos mortais de são Pedro; imóveis de valor incalculável e
um dos maiores tesouros de arte da humanidade. Por acaso, alguém já viu um Michelangelo
nas mãos de protestantes? É um padrão seguido pelos sectários menos letrados: a
falta de arte. Não têm intimidade com o Belo, não discernem a estética, não têm
percepção nem sensibilidade histórica, pois se limitam ao grotesco.
Preocupam-se, apenas, com a busca desesperada do seu deus de plástico,
responsável por um fanatismo epidêmico e cego.
Kierkegaard[xxx]
dizia que se não fosse torturado pela dúvida é porque não cria de verdade,
porque não pensava de verdade, porque não existia de verdade. Para ele, a
existência autêntica era viver com paixão, na angústia. Em acusações à Igreja
por ter manipulado Deus, dizia que ela não passava de uma empresa lucrativa de
transporte para a eternidade.
Por que não vimos isso antes? Por que não
enfrentamos o espelho? Por que não queremos ver? Espelho, espelho meu... Existe
alguém mais hipócrita do que eu?
[i] Sociólogo
alemão (1864-1920).
[ii] A ética protestante e o espírito do
capitalismo.
[iii] Peregrinos
– grupo de protestantes ingleses que buscava a liberdade de culto no solo
americano e lá se estabeleceram.
[iv]
Doutrina religiosa mais nefasta e cancerígena dos nossos dias, emergida do meio
protestante que prega a relação direta da vitória espiritual associada ao
sucesso financeiro.
[v] Poeta
inglês (1608-1674) partidário de um humanismo sem compromisso, traduziu sua fé
através de poemas filosóficos.
[vii] Espécie
de salvoconduto abstrato que representava a consciência do dever cumprido e a
convicção de ser eleito.
[ix] Político
e prelado inglês (1475-1530); arcebispo de York, cardeal e lorde-chanceler.
Valendo-se da sua influência junto ao rei, comandou a política inglesa por
quinze anos. Sua intervenção junto ao papa para obter o divórcio de Henrique
VIII, foi o motivo principal da sua queda.
[x] Criador
da Igreja menonita (braço do movimento anabatista de inclinação rural).
[xi] Uso
este termo porque é o recipiente ideal para a salada de frutas da conspurcação...
[xii] Pregador
inglês (1624-1691) principal divulgador da Sociedade dos Amigos Quakers.
[xiii] Spener (1635-1705) – foi
pastor em Frankfurt, Dresden e Berlim.
[xiv] Francke (1663-1727) –
professor da Universidade de Leipzig.
[xv] Exercício constante da
piedade.
[xvi] Meio de vida, prática
diária.
[xvii]
Pastores-desbravadores
da Igreja sueca, respeitadíssimos nos meios como “servos de Deus” e, realmente,
não eram paraquedistas. Eram empreendedores sérios, com singular visão
profissional, pois fundaram as Assembleias de Deus no Brasil...
[xviii]
Os fiéis
representantes e membros das Magnânimas Assembleias de Deus no Brasil, dignas
de toda honorificência e louvaminha universal.
[xix] Entenda-se como
“fascínio-estarrecedor-contraditório”.
[xx] Ministro protestante
(1703-1791) graduado pela Universidade de Oxford.
[xxi] Tipo de salvo-conduto
abstrato que mantinha o princípio do puro sentimento da absoluta certeza do
perdão divino.
[xxii]
Houve, também,
outra facção metodista, liderada por John Whitfield que relegava a doutrina da
perfeição wesleyana. Eram predestinacionistas e acabaram por voltar a um tipo
de calvinismo disfarçado.
[xxiii]
Esperança bíblica
da subida aos céus da Igreja, composta dos cristãos vivos e já mortos,
obviamente, os segundos, passando por uma ressurreição antecipada.
[xxiv]
Tipo de
experiência instantânea de santificação, equivalente a uma segunda bênção.
[xxv] Um neologismo
compreensível.
[xxvii]
Peri (do grego peri ) – significa em torno de. / Secta
(do grego secta) seita.
[xxviii]
Grupo menonita
americano que vive concentrado na Filadélfia e prima pelos absurdos
tradicionalistas de séculos atrás. São paranoicos.
[xxx] Filósofo dinamarquês
cristão (1813-1855)
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